Segunda-feira, 20 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de janeiro de 2017
O aprofundamento da recessão econômica levou a uma forte queda no lançamento de produtos e na adoção de técnicas inovadoras por parte das empresas brasileiras.
Dados inéditos da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) revelam que a parcela de companhias do setor industrial com mais de 500 funcionários que realizou alguma inovação, para si própria ou para o mercado, caiu de 44,9% no último trimestre de 2015 para 37,6% entre janeiro e março do ano passado.
O nível atingido no início de 2016 é o menor desde que a Sondagem de Inovação começou a ser feita no primeiro trimestre de 2010. Segundo a ABDI, inovar é introduzir um produto ou um processo produtivo tecnologicamente novo ou muito aprimorado.
Importância
A inovação é considerada essencial para o aumento da eficiência das empresas e, portanto, para sua capacidade de competir tanto no mercado doméstico quanto no internacional. É um dos fatores que determinam o crescimento dos países a longo prazo.
O IBGE também identificou tendência de recuo da inovação no País em pesquisa trienal sobre o tema, mais ampla, divulgada no início de dezembro. Os dados referentes ao período de 2012 a 2014 – ainda no início da atual crise – mostraram estabilidade (em nível ainda baixo) no percentual de empresas inovadoras.
Pouco mais de um terço (36%) das 132.529 empresas com mais de dez trabalhadores informou adotar práticas para inovar em produtos ou processos. No período anterior (2006 a 2008), eram 35,7%. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) detectou queda no número de inovadoras na área de serviços e contração significativa nos setores de eletricidade e gás.
Embora com amostra diferente, os dois estudos indicam que a perda de ritmo da atividade econômica que o País vive desde 2014 é o principal motivo para a redução das atividades inovadoras. O aprofundamento da recessão a partir de 2015 levou a uma acentuação dessa tendência. “A crise faz com que as empresas não percebam o que é importante e reduzam a inovação”, afirma Guto Ferreira, presidente da ABDI.
Segundo ele, que deixou o setor de startups há seis meses para assumir a agência, as empresas deveriam caminhar na direção contrária durante períodos recessivos. “Este deveria ser o momento de buscar inovação para se tornar mais competitivo. Mas o País caminha na direção contrária. Nesse ritmo, em dois anos poucas empresas serão produtivas”, afirma. (Folhapress)