Terça-feira, 09 de setembro de 2025
Por Fabio L. Borges | 9 de setembro de 2025
A dignidade garante que cada indivíduo deve ser tratado com igualdade, liberdade e proteção contra qualquer forma de degradação
Foto: DivulgaçãoEsta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Por definição, a dignidade humana é um valor intrínseco que reconhece o respeito devido a toda pessoa pelo simples fato de ser humana. Ela garante que cada indivíduo deve ser tratado com igualdade, liberdade e proteção contra qualquer forma de degradação.
É a base dos direitos humanos e princípio da Constituição Federal. Implica que o ser humano deve ser considerado um fim em si mesmo, jamais um meio. Sua autonomia, liberdade e integridade, física e moral, são essenciais à condição de pessoa digna.
No entanto, o Brasil vive um tempo de insegurança jurídica em que a dignidade do homem nunca se viu tão ameaçada.
A visão filosófica
Sócrates dizia que a dignidade é coerência moral: não trair a própria consciência, mesmo diante da injustiça. Sua morte é a prova de que preferiu aceitar a condenação em vez de renegar seus princípios.
Seguindo a linha de Sócrates, Platão via a dignidade como harmonia da alma: razão, espírito e desejos equilibrados para conduzir a vida pela justiça e pela verdade.
Já os estoicos (Sêneca, Epicteto, Marco Aurélio) defendiam que a dignidade independe das circunstâncias externas: mesmo na pobreza ou na dor, ela sobrevive se o homem agir com virtude.
Mas, o que é ser digno hoje?
O que é ser digno diante de um Judiciário tendencioso que relativiza leis e faz o cidadão refém da arbitrariedade?
O que é ser digno diante de um trabalhador que sua de sol a sol para sustentar a família, enquanto uma elite política desfila em jatinhos e usufrui de banquetes com lagosta pagos com o suor de quem mal enche a geladeira?
O que é ser digno quando se paga impostos caríssimos por estradas esburacadas, por uma casa que nunca é de fato própria, por um sistema de saúde precário, enquanto parlamentares desfrutam de planos vitalícios em hospitais de luxo?
Dignidade, nesse cenário, é resistir
É não aceitar a lógica da submissão. É manter íntegra a consciência, mesmo quando tudo parece corroído pela injustiça.
Dignidade para todos, um dever, não só um direito
A dignidade não é apenas um direito; é também um dever. Ela se conquista ao longo da vida, junto com o caráter, e deve existir mesmo no isolamento (prisão) daqueles que não demonstram nenhum respeito pelo sistema. Sem ela, perdemos nossa humanidade.
No fim, ser digno não é apenas sobreviver: é não se vender, não se calar, não se corromper.
É preservar a essência humana diante da desumanização institucionalizada, lembrando que somente o povo pode mudar esse cenário, cobrando de seus representantes um país menos injusto e mais humano.
* Fabio L. Borges, jornalista e cronista gaúcho
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.