Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de dezembro de 2018
Um estudo divulgado na quinta-feira (20) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) concluiu que reformas como a da previdência podem significar uma diferença de R$ 100 bilhões a mais para o País investir daqui a quatro anos.
Para imaginar o Brasil do futuro é preciso saber quanto o país pode investir para chegar lá. Novas rodovias, portos, aeroportos, escolas.
O dinheiro que o governo aplica em infraestrutura, em compras de equipamentos e até para manter a administração pública funcionando, com pagamento de água, luz e telefone, depende do quanto entra em caixa.
Quando as contas não fecham é exatamente essa parte do orçamento que sofre cortes, já que outras despesas não podem ter redução porque são obrigatórias por lei, como o pagamento dos salários dos servidores.
Para especialistas, o controle de gastos é fundamental para tirar o país do ciclo de baixo crescimento e para não paralisar o governo. O Ipea fez um estudo sobre o que pode acontecer com o Brasil até 2022.
O instituto afirma que o dinheiro disponível para investimento e manutenção, a chamada despesa discricionária, vai diminuir muito nos próximos anos e cair de R$ 122 bilhões em 2018 para R$ 29 bilhões em 2022.
Cenário
O Ipea alerta que o cenário só muda se a reforma da previdência for aprovada. Com a proposta que está hoje no Congresso, o governo passaria a ter R$ 54 bilhões, mas poderia aumentar esse valor para R$ 130 bilhões se, além da reforma, fizesse outras mudanças.
“Medidas, como por exemplo a mudança na regra do abono salarial, mudança na regra do salário mínimo, e uma reposição menor do que 100% dos servidores que vão se aposentando. Se a gente não fizer nenhuma mudança nessas regras, a gente vai ter um crescimento dos gastos públicos se acelerando tanto que você tornaria inviável o próprio cumprimento do teto dos gastos”, afirma José Ronaldo Souza Júnior, diretor do Ipea.
O economista Paulo Tafner, da Universidade de São Paulo, defende uma reforma da previdência ainda mais ampla, que inclua servidores públicos, Forças Armadas e policias para o Brasil poder aumentar investimentos, em vez de cortar.
“A gente está cortando aquilo que faz a economia crescer, que faz o Brasil se tornar mais eficiente, que faz com que as famílias tenham mais emprego, mais renda. Então é crucial para que o país se recupere para gente fazer a reforma da previdência, e logo. Tem que ser no primeiro ano do governo recentemente eleito”, disse.