Sábado, 27 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de setembro de 2025
Enquanto o debate sobre o relógio biológico feminino é amplamente difundido, uma nova realidade demográfica traz à tona uma questão ainda pouco discutida: a paternidade tardia e seus impactos na saúde da Geração Y. Homens com idade entre 29 e 44 anos, conhecidos como millennials, têm adiado o sonho de ser pais, mas muitos desconhecem que a fertilidade masculina também tem prazo de validade.
“A Geração Y chega ao consultório com uma mentalidade de alta performance em todas as áreas da vida, mas muitas vezes negligencia a saúde reprodutiva”, afirma o Alfonso Massaguer, especialista em Reprodução Humana da Clínica Mãe. “É uma geração que viu seus pais se tornarem avós na idade em que eles agora consideram ter o primeiro filho. Há uma busca crescente por informação, mas também um grande desconhecimento sobre os riscos associados à idade paterna avançada”, explica.
O especialista destaca que, a partir dos 40 anos, a qualidade e a quantidade dos espermatozoides começam a diminuir. Após os 50, essa queda se acentua, elevando as taxas de aborto espontâneo e o risco de doenças multifatoriais nos filhos, como autismo e esquizofrenia.
“O homem também tem um relógio biológico. A perda de fertilidade não é tão intensa quanto nas mulheres, mas ela existe e precisa ser levada em consideração”, ressalta o Dr. Alfonso. “Muitos homens dessa geração, em sua busca por performance, recorrem a anabolizantes e outras substâncias que são um verdadeiro veneno para a fertilidade, agravando um cenário já desafiador pelo adiamento da paternidade”, acrescenta.
Check-up da fertilidade masculina: o que fazer? Para aqueles que planejam ser pais após os 40, o Dr. Alfonso recomenda um check-up completo da saúde reprodutiva, incluindo exames hormonais, ultrassom e espermograma. “Exames mais específicos, como a análise da fragmentação do DNA espermático, podem revelar comprometimentos que não são detectados por análises básicas”, aconselha.
Quando a qualidade do sêmen não pode ser melhorada apenas com mudanças no estilo de vida — como dieta equilibrada, sono adequado e abandono de vícios —, a medicina reprodutiva oferece soluções avançadas.
“Hoje, dispomos de técnicas como a inseminação artificial e a fertilização in vitro. Em casos mais complexos, a ICSI, que consiste na injeção de um único espermatozoide diretamente no óvulo, apresenta altas taxas de sucesso”, detalha o médico. “Para quem deseja adiar a paternidade com segurança, o congelamento de sêmen é uma opção viável e cada vez mais procurada”, enfatiza.
O aconselhamento genético também é importante para casais com paternidade tardia, embora o Dr. Massaguer ressalte que suas limitações devem ser consideradas, pois muitas doenças são poligênicas e de difícil detecção prévia.
“O mais importante é a conscientização. O planejamento familiar não é uma responsabilidade exclusiva da mulher. O homem moderno precisa entender seu papel e os limites do próprio corpo para tomar decisões mais informadas e seguras para o futuro da família”, conclui. As informações são do jornal O Globo.