Quarta-feira, 07 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 18 de setembro de 2016
Um projeto de investigação demonstrou que um modelo experimental da doença de Alzheimer pode ser tratado de forma exitosa com medicamento anti-inflamatório de uso habitual, como os usados para cólica menstrual. Uma equipe liderada pelo médico David Brough na Universidade de Manchester (Reino Unido) apontou que o medicamento anti-inflamatório reverteu completamente a perda de memória e a inflamação cerebral em camundongos. Praticamente todos, em algum momento da vida, tomam medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINE). O ácido mefenâmico é usado habitualmente para a dor menstrual.
Embora a descoberta ressalte a sua importância no modelo da doença, o médico adverte a necessidade de novos e maiores estudos para identificar o impacto sobre os seres humanos e as implicações em longo prazo do seu uso. No estudo foram usados camundongos transgênicos que desenvolveram sintomas da doença de Alzheimer. Um grupo de dez camundongos foi tratado com ácido mefenâmico, e dez foram tratados da mesma forma que com placebo.
Os camundongos foram tratados no momento em que desenvolveram problemas de memória, e o fármaco foi administrado mediante uma minibomba implantada sob a pele durante 1 mês. A perda de memória foi revertida por completo, a níveis observados em camundongos sem a doença.
Brough assinalou: “Agora existe evidência experimental que sugere fortemente que a inflamação cerebral agrava a doença de Alzheimer”. Além disso, acrescentou: “Nossa pesquisa mostra, pela primeira vez, que ácido mefenâmico, um medicamento anti-inflamatório não esteroide simples, pode ser dirigido contra uma importante via inflamatória denominada inflammasome NLRP3, que lesiona células cerebrais”.
“Até o momento não se dispunha de nenhum medicamento contra esta via, por isso estamos muito animados com este resultado”, explica. “No entanto, é necessário muito mais, até para que possamos dizer com certeza como a doença impactará em humanos.”
Doug Brown, diretor de Investigação e Desenvolvimento na Sociedade de Alzheimer, indicou: “A prova de medicamentos que estão em uso para outras afecções é uma prioridade para a Sociedade de Alzheimer. Poderia permitir encurtar os 15 anos necessários para desenvolver um novo medicamento para a demência”.
“Estes promissores resultados de laboratório identificam uma classe existente de medicamentos que têm o potencial de tratar a doença de Alzheimer bloqueando uma parte em particular da resposta imunitária. No entanto, estes remédios não carecem de efeitos secundários e não se devem tomar para a doença de Alzheimer nesta etapa. Primeiro são necessários que os estudos sejam feitos em pessoas.” (AE)