Sexta-feira, 03 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2019
Depilar todos os pelos pubianos não diminui ou aumenta os riscos de desenvolver alguma IST (infecções sexualmente transmissíveis). Deixar os fios crescerem também não tem relação com as chances de contrair essas doenças. A conclusão é de um estudo publicado no periódico Plos One.
A pesquisa, realizada por cientistas da Universidade Estadual de Ohio (EUA), entrevistou 214 estudantes universitárias sobre suas preferências de depilação e realizou testes para clamídia e gonorreia nas participantes.
Os resultados mostraram que pouco mais de 98% das estudantes relataram algum nível de remoção de pelos e 53,6% retiraram totalmente os pubianos no último ano semanalmente ou diariamente. Ao todo, menos de uma em cada dez das participantes teve clamídia ou gonorreia, mas os pesquisadores não encontraram nenhuma ligação entre os tipos de depilação e a prevalência de qualquer uma dessas infecções.
Segundo os autores do estudo, as descobertas não apoiam a necessidade de abordar a aparência dos pelos pubianos como um fator de risco para IST. Mas consideram que estudos futuros sobre esse tópico poderiam usar uma amostra maior e mais representativa para permitir estimativas mais precisas e maior generalização.
Depilar ou não depilar, eis a questão
De acordo com a médica e especialista em dermatologia pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) Carolina Sumam retirar os pelos da axila, da região pubiana ou de qualquer outra parte do corpo é uma opção da pessoa. “Não é uma questão de higiene e sim de estética”, destacou.
Teoricamente, os pelos servem para proteção da pele. Os que nascem na axila, no tórax, na barba e na virilha são respostas aos hormônios sexuais e protegem a pele e as glândulas locais. “Por isso, eliminar os fios pode causar infecções e irritações”, explica Sumam.
Os microtraumas provocados pela lâmina ou até pela cera também favorecem a penetração de micro-organismos no corpo. Essas bactérias e fungos podem causar foliculite – infecção dos bulbos em que o cabelo cresce, chamados folículos – ou até verrugas virais, causadas pelo HPV quando a pele entra em contato com superfícies contaminadas.
Apesar dos possíveis riscos, não é preciso criar pânico da depilação. A ginecologista Silvana Maria Quintana explica que não existem estudos que comprovem que a retirada dos pelos da região íntima aumenta o risco de infecções. Carolina concorda: “A remoção dos pelos interfere muito pouco no desenvolvimento de doenças, desde que você mantenha uma higiene adequada”.
A ginecologista, inclusive, ressalta que aparar os pelos não traz prejuízos e a retirada do excesso pode até facilitar a higiene da região. O problema existe quando as mulheres retiram totalmente os fios pubianos. “Como médica, não indico a depilação completa, porque o pelo existe para manter a flora bacteriana saudável”, disse Silvana. “Mas é óbvio que se a paciente se sentir bem em retirar os fios eu não contraindico. É uma opção dela.”