Quinta-feira, 16 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de agosto de 2018
Um grupo de policiais realizou nesta quinta-feira (23) buscas na residência da senadora e ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner (2007-2015), em Buenos Aires. A operação começou na presença do juiz Claudio Bonadio, que ordenou a busca em três residências de Cristina no caso que investiga propinas milionárias em troca de contratos de obras públicas.
A autorização das buscas foi aprovada na noite de quarta pelo Senado. A autorização teve o aval de todos os 67 senadores presentes na sessão, inclusive a própria Cristina Kirchner. Não houve abstenções.
A operação aconteceu no exclusivo bairro de Recoleta, com várias patrulhas policiais e um cordão de isolamento no prédio da ex-presidente. O procedimento de busca e apreensão ainda não teve início em outras duas propriedade de Kirchner, uma em Río Gallegos e outra em El Calafate, no Sul do país.
Investigação
A ex-presidente, da corrente de centro esquerda peronista e que sucedeu seu marido Néstor Kirchner no cargo em 2007, é a pessoa de mais alto escalão envolvida no chamado “Cadernos de propinas”, que investiga supostos subornos de importantes empresários entre 2005 e 2015 para obter contratos de obras públicas. De acordo com os cálculos iniciais, a trama de subornos poderia implicar cerca de US$ 160 milhões.
A causa judicial começou há um mês baseada em anotações feitas por um ex-motorista do Ministério de Planejamento, Oscar Centeno, que supostamente fez percursos por Buenos Aires durante 10 anos levando e trazendo sacolas carregadas de milhões de dólares.
O apartamento de Kirchner em Buenos Aires, assim como a casa presidencial de Olivos e a Casa Rosada, sede do governo, aparecem nesses cadernos como pontos de entrega das sacolas. O juiz busca pistas sobre onde poderia ter ficado o dinheiro, aparentemente sempre recebido em espécie.
As anotações do motorista logo se somaram às confissões de vários empresários detidos que decidiram ir à Justiça na condição de arrependido, assim como, recentemente, ex-funcionários do governo de Néstor (2003-2007) e Cristina Kirchner. Além deste caso, Cristina Kirchner enfrenta outros cinco processos por suposto enriquecimento ilícito e por encobrimento de iranianos acusados pelo atentado à mutual judaica AMIA em 1994, que deixou 85 mortos e 300 feridos.
Protesto
Dezenas de milhares de argentinos protestaram na terça-feira (21) diante do Congresso para pedir ao Senado que retire a imunidade da parlamentar e ex-presidente Cristina Kirchner, investigada por acusações de pagamento de propina durante seu governo. A mobilização foi convocada pelas redes sociais sob o slogan “Desafuero y allanamiento a CFK”, um dia antes de a Câmara decidir se permitiria as revistas das propriedades.
Pessoas carregando faixas, malas ou bolsas – símbolos da má gestão que supostamente ocorreu durante a Presidência de Cristina – também pediram a aprovação da lei de Extinção de Domínio, para que as perdas causadas por corrupção possam ser recuperadas.