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Mundo O risco de uma catástrofe nuclear está de volta

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Segundo Boris Johnson, Putin (foto) colocou o mundo em perigo com suas "ambições malucas". (Foto: Mikhail Klimentiev/Kremlin)

A disposição de Vladimir Putin de ameaçar usar armas nucleares é, de certo modo, um bom sinal: significa que a Rússia provavelmente está perdendo na Ucrânia. Também é potencialmente catastrófica. Se o objetivo de Putin é amedrontar o Ocidente, ele está fracassando. A Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança militar ocidental] continua aumentando sua ajuda a Kiev.

A questão é o que Putin fará se achar que a derrota da Rússia é inevitável. Putin continua insinuando que sabe exatamente quais medidas ele tomaria. Estará blefando? É plausível que nem ele saiba a resposta.

Seja como for, o gênio está fora da garrafa. Putin quebrou um tabu pós-Cuba ao ameaçar partir para as armas nucleares. Isso, por si só, nos coloca em um novo território. Sem que a maioria das pessoas esteja ciente disso, o mundo está entrando em seu período mais perigoso desde a crise dos mísseis de Cuba de 1962.

A maioria das pessoas com menos de 50 anos cresceu pensando que o espectro nuclear é uma relíquia do século 20. Nas últimas semanas, a possibilidade de um conflito nuclear tornou-se a mais viva ameaça à paz deste século.

Em termos de conscientização pública, o debate sobre a linguagem de Putin é um bom exemplo de “quem não sabe fala e quem sabe não fala”. É fácil pensar em Putin como um viciado em pôquer, tentando escapar de uma aposta ruim. Em algum momento ele deve desistir. Autoridades civis e militares dos Estados Unidos não sofrem dessa complacência.

Muitos vêm participando de exercícios de jogos de guerra em que o uso de armas nucleares táticas de impacto reduzido quase sempre se transforma em conflito nuclear estratégico – falando claramente, o dia do juízo final.

Se houver 5% de risco de Putin detonar uma arma nuclear num campo de batalha, o mundo estará mais ameaçado do que em qualquer outro momento da vida das pessoas. Nos últimos dias, as indicações de Moscou possivelmente elevaram essa chance para 10%.

Putin descreveu o teste do míssil balístico intercontinental hipersônico Sarmat como “alimento para reflexão” para o Ocidente, o que não soaria fora de propósito para Blofeld, o vilão de James Bond do século 20. Putin disse: “Temos todos os instrumentos para isso [responder a uma ameaça à existência da Rússia], dos quais ninguém mais pode se gabar. E os usaremos, se for preciso”.

A resposta natural é que Joe Biden e seus colegas europeus deixaram claro que a Otan não lutará na Ucrânia. O Ocidente, em outras palavras, não representa uma “ameaça existencial” à Rússia – seu limite para o uso de armas nucleares.

Mas isso é apenas a forma como o Ocidente vê a situação. As ameaças de Putin, e de seus oficiais, foram feitas no contexto da alegação de que a Rússia já está em guerra com a Otan. Os russos estão sendo informados todos os dias que estão numa luta pela sobrevivência nacional contra os nazistas apoiados pelo Ocidente. Esse nível de retórica excede qualquer coisa da Guerra Fria.

O conceito de destruição mútua assegurada, que se estabeleceu após 1962, é que cada lado tem uma janela clara sobre as rotinas e o pensamento do outro. A maior parte do compartilhamento de informações que havia sido implementado, foi abandonado na última década. Putin encerrou os protocolos da Guerra Fria e chegou até a acusar de espiões os cientistas nucleares russos interessados em conhecer seus colegas americanos.

Isso significa que os dois adversários, que respondem por 90% das ogivas nucleares do mundo, estão muito mais desinformados sobre as sinalizações um do outro do que estavam nas décadas de 70 e 80. A ignorância, nesta situação, não é um bom presságio.

Uma questão premente é como Biden responderia se Putin detonasse uma arma nuclear tática na Ucrânia. Entre suas escolhas estaria um ataque convencional à origem do míssil – uma fábrica, ou digamos, o local de lançamento. Outra seria impor um embargo comercial total e sanções secundárias aos não cumpridores, especialmente à China.

A primeira escolha – atingir o território russo – poderia desencadear uma escalada letal sujeita a fugir do controle. A segunda implicaria risco de ser considerada insuficiente. Poderia haver medidas intermediárias, como alvejar um navio russo ou um ataque cibernético.

Tudo isso envolve adivinhar como Putin responderia. O restante de nós está alheio aos cenários que se desenrolam na Casa Branca – quanto mais na cabeça de Putin. No entanto, não há no momento nada mais urgente para o nosso destino.

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