Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 22 de setembro de 2022
Nunca duvide um uma pessoa que cresceu na dificuldade, apostou em seu talento e fez carreira e fama na profissão que escolheu. Ronaldo chegou ao Cruzeiro sob muita desconfiança, sem saber ao certo o que poderia fazer com o clube, mas com uma montanha de dinheiro (R$ 400 milhões) que o time não podia recusar. Respaldado por uma bancada de profissionais competentes das mais diversas áreas e beneficiado pela criação da SAF (Sociedade Anônima do Futebol), ele assumiu as rédeas da associação e prometeu que a equipe voltaria para a primeira divisão.
A promessa foi cumprida nesta quarta-feira (21), no fim da noite, com a vitória do Cruzeiro sobre o Vasco no Mineirão. A festa estava pronta. Se não acontecesse nessa 31ª rodada, seria na próxima ou na outra. O Cruzeiro estava na iminência de subir depois de três anos afundado em dívidas e derrotas na Série B.
Ronaldo merece todos os créditos, mas não só ele. A máquina do Cruzeiro trabalhou de forma redonda nesta temporada, não deixando brechas para que algo pudesse acabar com o sonho do torcedor de ver seu time entre os melhores do Brasil novamente. Comissão técnica, elenco, colaboradores, dirigentes, torcida e parceiros, todos foram importantes para a retomada. Ronaldo encabeça a lista porque ele se transformou no maior gestor do Cruzeiro.
As condições jurídicas da SAF tornaram possíveis o fato de ele poder comprar o clube que o projetou no futebol, muito antes de ele se transformar no craque mundial que foi. Ronaldo foi eleito o melhor do mundo algumas vezes e ganhou uma Copa, a de 2002, com dois gols na grande final diante da Alemanha – ele foi artilheiro daquela Copa com oito gols. É um predestinado.
Mas Ronaldo não é nem nunca será maior do que o Cruzeiro. No entanto, não há como não associar sua imagem com a do time que subiu nesta quarta. Confirma sua volta e agora segue atrás do título. Ronaldo enfrentou todas as barreiras de um clube de futebol no Brasil, com todos os seus vícios e amarras. Não foi fácil. Havia desconfiança e muitas dúvidas de que pudesse dar certo. Esportivamente, pode dizer que deu certo.
Mas Ronaldo não é o Santo Padre. Ele trabalha para ganhar dinheiro e para valorizar cada centavo do seu investimento. Quer transformar seus R$ 400 milhões em R$ 800 milhões e assim por diante. Não está no Cruzeiro para fazer filantropia. É um negócio que a SAF permitiu a ele juntar a possibilidade de aumentar sua fortuna e tirar do buraco o time que o lançou no futebol, muito diferente de sua relação com o Valladolid, da Espanha, seu outro clube.
Ronaldo é um homem de negócios, como todos os outros empresários que assumiram clubes brasileiros por meio da Sociedade Anônima do Futebol. Voltar para a primeira divisão vai triplicar as receitas do Cruzeiro com transmissão dos jogos, por exemplo. Um clube na Série A vale muito mais do que um na B. Haverá um ‘boom’ de venda de camisas. O programa de sócio-torcedor tem aumentado mensalmente e essa tendência deve continuar para 2023. Novos patrocinadores estão sendo ajeitados para essa volta à primeira divisão, com novas negociações.
A SAF tem essa prerrogativa: ela tira todo e qualquer relacionamento amador do clube, muitos arrolados por sentimentos de gratidão por anos a fio. No mundo dos negócios, isso não existe. Ou não deveria. Ronaldo já pensa também em um elenco melhor. Ele negocia com atletas de times da primeira divisão que possam vestir a camisa do Cruzeiro no ano que vem. Não há nada de errado nisso. A torcida entendeu. A festa vai continuar por alguns dias. No ano que vem, muitas coisas serão revistas. E é assim que tem de ser mesmo.