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Redação O Sul
| 31 de março de 2020
Quase 18 anos após conquistarem o penta da Copa do Mundo, Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho vivem realidades opostas. Enquanto um cuida do próprio time na Espanha, o outro está preso no Paraguai. Através de suas redes sociais, Ronaldo respondeu perguntas de fãs e falou sobre a situação do ex-parceiro de Seleção Brasileira.
“Estou curioso para saber o que aconteceu, é uma pena que isso tenha acontecido com ele”, disse o ex-jogador no Instagram.
Além do mundial Coréia-Japão, a dupla também conquistou a Copa América do Paraguai em 1999. Para Ronaldo, a prisão do colega não passou de um mal entendido.
“Ronaldinho é grande demais para passar por uma situação como essa. Espero que esse mal-entendido seja resolvido o mais rápido possível”, disse.
O ex PSG e Barcelona está detido no Paraguai desde fevereiro por ter atravessado a fronteira com documentos falsificados. Já o ex-artilheiro do Real Madrid é presidente do Valladolid, da primeira divisão da Espanha, e está em isolamento para se proteger do coronavírus.
Tudo começou quando Ronaldinho Gaúcho chegou ao Paraguai para participar de dois eventos. Uma ação beneficente e o lançamento de um livro. Quando estava no hotel, com seu irmão, viu seu mundo desabar. Havia documentos falsos em seu poder e ele não soube explicar do que se tratava. Havia passaportes e cédulas de identidades do Paraguai com seu nome. Seu e do seu irmão, Roberto Assis.
A polícia do Paraguai fez buscas ao Hotel Resort Yacht y Golf Club, em Lambaré, vizinho a Assunção, onde estava hospedado Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Assis. Os agentes relataram ter agido após denúncia do Departamento de Identificações da Polícia Nacional por suspeita de que o ex-jogador e seu empresário estivessem portando documentos falsos. Ambos ficaram detidos no hotel durante a apuração do caso pelas autoridades.
O promotor Federico Delfino, responsável pela investigação contra os dois ex-jogadores, afirmou no dia 5 de março que Ronaldinho e seu irmão ficariam à disposição da Justiça do Paraguai por tempo indeterminado. No mesmo dia ambos prestaram depoimento na sede do Ministério Público paraguaio, em Assunção. Ronaldinho disse que os documentos eram “presentes” de um empresário. Em seguida, o ex-jogador foi encaminhado para o Departamento de Crime Organizado do país, onde também teve de dar explicações.
Ainda no mesmo dia, o advogado encarregado de representar Ronaldinho e seu irmão disse que o ex-jogador decidiu não deixar o Paraguai até que o processo judicial contra ele seja resolvido. Adolfo Marín alegou que eles não estavam impedidos de deixar o país e que ambos receberam cartões de identidade e os passaportes paraguaios do empresário Wilmondes Sousa Lira no Brasil. “Não me lembro da data, mas cerca de 20 a 30 dias atrás”, afirmou o advogado. Sousa Lira também foi preso. A presença de Ronaldinho no Paraguai com documentos supostamente falsos provocou uma crise política no país, especialmente pela demora das autoridades para apontar e investigar as irregularidades. Uma das consequências foi a renúncia do diretor de migração do país, Alexis Penayo.
O Ministério Público do Paraguai decidiu não apresentar acusação formal contra Ronaldinho e seu irmão. O ex-jogador admitiu a prática do crime de utilização de documentação falsa, mas a promotoria considerou que eles foram enganados e solicitou a aplicação do “critério de oportunidade” por terceiros. Após quase 24 horas dos primeiros procedimentos e um longo dia de depoimentos, o promotor Federico Delfino informou que os brasileiros não seriam acusados e que solicitaria a liberação de ambos.
A reviravolta do caso aconteceu no dia 6, quando Mirko Valinotti, juiz criminal de Garantias de Assunção, decidiu rejeitar o pedido do Ministério Público para não abrir processo contra os ex-jogadores.
Cumprindo mandado emitido pela Procuradoria Geral da República, a Polícia Nacional do Paraguai ordenou a prisão do ex-jogador e seu irmão. Ronaldinho e Assis estavam no Sheraton Hotel, localizado a poucos minutos do Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi. Ambos aguardavam o momento de partir para o terminal do aeroporto e deixar o Paraguai, de acordo com as versões divulgadas pela Polícia local.
Em meio à audiência que poderia definir a continuidade ou não de Ronaldinho na cadeia, o promotor da unidade especializada de delitos econômicos Osmar Legal ratificou o pedido de prisão preventiva. Na sequência, a juíza Clara Ruiz Díaz determinou a manutenção da prisão. Sendo assim, os dois brasileiros seguem detidos no complexo da Agrupação Especializada da Polícia Nacional do Paraguai.