Sexta-feira, 02 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 18 de abril de 2025
A Suprema Corte da Rússia anunciou a retirada do Talibã de sua lista de organizações terroristas, uma medida que visa fortalecer as relações entre Moscou e Cabul. A decisão não representa, por ora, o reconhecimento formal por Moscou do governo talibã, que retomou o controle do Afeganistão em agosto de 2021 após o colapso do governo apoiado pelos Estados Unidos.
A decisão, de acordo com agências de notícias russas, foi comunicada pelo juiz responsável pelo caso, Oleg Nefedov. A iniciativa partiu da promotoria russa, que em março deste ano solicitou à Suprema Corte a exclusão do grupo da lista de terroristas.
O governo afegão comemorou a decisão, classificando-a como “um passo significativo” que abre um novo capítulo em suas relações com Moscou.
“Agradecemos por essa importante decisão do governo russo, que consideramos um avanço significativo no relacionamento bilateral”, disse o ministro das Relações Exteriores do governo controlado pelos talibãs, Mawlawi Amir Khan Muttaqi.
No entanto, essa medida ainda não significa o reconhecimento oficial do governo talibã, que busca abandonar o isolamento internacional que sofreu após chegar ao poder. Nenhum país ainda reconhece o governo talibã, embora alguns, como Uzbequistão, Emirados Árabes Unidos e China, aceitem oficialmente os embaixadores do grupo em seu território.
Reaproximação
Desde a queda do antigo governo do Afeganistão, em 2021, e da decisão dos EUA de retirarem seus militares do país, a Rússia via o Talibã como um “mal menor” na Ásia Central, especialmente para conter o avanço do braço do Estado Islâmico na região.
Já em setembro de 2022, o regime Talibã fechou um acordo preliminar para a compra de trigo e petróleo (e derivados) da Rússia, na primeira grande negociação internacional do tipo desde o retorno do grupo ao poder.
O acerto incluiu a compra anual de um milhão de toneladas de gasolina, um milhão de toneladas de diesel, 500 mil toneladas de gás liquefeito de petróleo (GLP) e dois milhões de toneladas de trigo, segundo o relato do porta-voz do Ministério de Comércio e Indústria afegão, Abdul Salam Jawad, à AFP.
À época, as autoridades locais não quiseram falar em valores, mas reconheceram que os russos deram descontos sobre os preços dos insumos. Pelo lado russo, os ministérios da Energia e Agricultura não comentaram, mas o então enviado especial de Moscou para o Afeganistão, Zamir Kabulov, confirmou que existiu um acordo preliminar.