Terça-feira, 21 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de maio de 2016
Assim como é possível com os telefones celulares, os consumidores também podem controlar o quanto gastam de internet fixa em casa. Aplicativos e sites da própria operadora – no caso da Net e da Claro – oferecem o serviço para o cliente que quer ter uma noção do que gasta com downloads e streamming, tecnologia utilizada para baixar filmes e séries, por exemplo.
A ideia das operadoras em cobrar por franquia de dados, como hoje é feita com internet móvel, acendeu o alerta: clientes estão preocupados com a possibilidade de pagar mais pelo serviço em casa. O analista de sistemas Mário Miranda, 43 anos, adquiriu um plano de 100GB mensais da Net.
“Já contratei pelo modelo de franquia. Mas fui ver o consumo e tive uma surpresa. Foram 50% a mais do que previa o meu contrato. Mas não percebi redução da velocidade. De acordo com o acompanhamento de consumo de franquia, usamos 20% do consumo em um só dia. Eu tenho certeza que não consumi tudo isso, mas não há outro tipo de controle que proteja o consumidor e o usuário. Aprendi que o monitoramento, a partir de agora, vai ter que ser mesmo diário.”
A Net informou que não houve alteração nos planos de banda larga fixa. E que o serviço está de acordo com as obrigações e regulamentos do setor, atendendo às recentes determinações da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Até o presidente da agência, João Rezende, dizer que a ‘‘era da internet fixa ilimitada acabou’’, poucos usuários se preocupavam com o consumo.
“A Anatel postergou a decisão. É um serviço público que tem que ser mais veloz, mais barato. Três concorrentes têm 86% do mercado. A agência tem que abrir o mercado para outras empresas”, observa Luiz Santin, diretor da consultoria NextComm.
A limitação de internet prejudicaria o trabalho da professora Raquel Compulsione, 30. “Dou aulas de português a estrangeiros pelo Skype e notei que o serviço piorou.”
Anatel analisa tipo de contrato.
O ministro das Comunicações, André Figueiredo, disse que a Anatel está trabalhando na alteração do regulamento do Serviço de Comunicação Multimídia, que vai permitir que as operadoras ofereçam tanto planos de internet fixa ilimitada quanto franquias com limite de dados.
O anúncio de que as operadoras passariam a limitar o acesso à internet e cobrar através do sistema de franquia provocou mobilização de consumidores. O modelo é adotado nos planos para celular, e prevê que a velocidade seja cortada ou reduzida quando o cliente atinge o limite contratado, caso o usuário não queira pagar por dados excedentes. Ao ser questionada sobre a alteração, a Anatel informou que não proibiria a prática. Depois, voltou atrás e a suspendeu por 90 dias.
O governo pediu explicações à agência, que novamente recuou, suspendendo a prática por tempo indeterminado, mas sem sua proibição definitiva. O Senado avalia se vai abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a Anatel. “É um duro golpe à economia. Cerca de 30% do faturamento de faculdades privadas são de ensino a distância. É um retrocesso”, argumenta Bruno Prado, vice-presidente da Associação Brasileira dos Agentes Digitais.
Já o professor Rafael Timóteo de Sousa lembra que faltou investimento: “Esbarramos em limites tecnológicos que precisam ser discutidos”. (AG)