O Estado do Wisconsin realizou nesta terça (7) suas eleições primárias para definir o candidato do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos. O governador Tony Evers, do Partido Democrata, pediu o adiamento do pleito para 9 de junho. Mas os dirigentes do Partido Republicano conseguiram manter a votação na Justiça. Não são apenas as primárias que foram abaladas pelo novo coronavírus. O jogo político da eleição presidencial mudou por completo.

É a performance do presidente Donald Trump no combate à doença que determinará o resultado. Após oscilar inicialmente, Trump endossou com clareza a política de distanciamento social. Na semana passada, na média das pesquisas do site 538, sua aprovação chegou a 45,8%. É a maior do mandato. Mas muitos governadores alcançaram no mesmo período aprovações na casa dos 70%. Os principais chefes de Estado do G7 cruzaram a marca dos 60%. Mesmo o italiano Giuseppe Conte, que é responsabilizado por muitas mortes, está com 54% de popularidade.

Isto não torna a vida do provável candidato democrata, Joe Biden, mais fácil. Trancado na sua casa em Delaware, Biden montou um estúdio multimídia. Pode transmitir lives, gravar podcasts, e tem feito de tudo. Mas seu forte é o carisma quando entre pessoas, que ele não pode exercitar. Com a imprensa nacional e a atenção popular voltadas para a crise, Biden tem tido dificuldade de aparecer.

Não bastasse, ainda há um debate sobre mudança da legislação dos Estados para permitir que a eleição seja feita inteiramente com votos despachados pelos correios, como defendeu Biden. É para o caso de o distanciamento ainda ser necessário em novembro. As médias de eleições passadas indicam que eleitores mais conservadores preferem votar pessoalmente. Uma eleição assim, portanto, poderia distorcer o resultado em prol dos democratas. Os republicanos não querem. A Constituição não permite a extensão de mandatos na ausência de um pleito. E a mudança na lei teria de ser feita neste semestre.

Sistema eleitoral complicado

O sistema eleitoral americano é complicado, bem diferente do brasileiro.

No Brasil, os eleitores escolhem entre alguns candidatos e o que tiver mais de 50% dos votos válidos, leva a Presidência. Nos Estados Unidos não é bem assim. Lá, vence a presidência quem alcançar a maioria absoluta no colégio eleitoral, ou seja, 270 votos.

Mas o que é o colégio eleitoral? É um grupo de 538 representantes, chamados de delegados que se encontra uma vez a cada quatro anos para escolher o presidente. Cada Estado americano tem direito a um determinado número de delegados, proporcional à representatividade no Congresso.

Todos os Estados têm dois senadores. O número de deputados é o que muda, conforme o tamanho da população do Estado. O Alasca, por exemplo, onde mora pouca gente, tem apenas três delegados e elege um deputado federal. Os outros dois delegados representam os senadores.

Já a Califórnia, o Estado mais populoso, tem o maior número de deputados e por isso mais delegados: 55. O candidato que vence a eleição popular em um Estado, leva todos os delegados daquele Estado no colégio eleitoral. As únicas exceções são Maine e Nebraska, que seguem regras próprias para distribuir os votos.

Por isso, a disputa presidencial americana é uma batalha feita de Estado em Estado. Alguns não merecem muita atenção das campanhas porque a escolha já está definida.

Como no Alabama, onde o Partido Republicano tem vitória garantida desde 1980. Ou o Estado de Washington, onde o Partido Democrata venceu as últimas oito eleições.

O que preocupa os candidatos são os chamados estados-pêndulo — ou swing states em inglês — que mudam de preferência a cada eleição.

A Flórida, por exemplo, elegeu o republicano George W. Bush em 2000 e 2004. E o democrata Barack Obama em 2008 e 2012. Donald Trump ganhou na Flórida em 2016 levou 29 delegados.

E vencer no colégio eleitoral é o que importa. Já houve cinco eleições nos Estados Unidos em que um candidato recebeu a maioria dos votos populares, mas não levou a presidência. Hillary Clinton recebeu 65,853,514 votos e Trump 62,984,828.

A primeira vez foi no século 19 com John Quincy Adams e a última há quatro anos. Hillary Clinton teve mais de dois milhões de votos a mais que o adversário Trump na votação popular em todo país e só conseguiu 227 votos no colégio eleitoral contra 304 de Trump que ficou com o cargo.