Quinta-feira, 09 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de janeiro de 2020
Uma operação conduzida por bombeiros da Austrália salvou os últimos exemplares de pinheiros Wollemi, chamados de “árvores-dinossauros”, dos incêndios que varrem o país.
Os pinheiros Wollemi são chamados assim, pois existem há 200 milhões de anos.
A sua localização exata é um segredo guardado a sete chaves. Restam apenas 200 árvores da espécie no mundo, nos cânions do Parque Nacional Wollemi.
Alguns dos pinheiros foram consumidos pelas chamas, mas a floresta foi salva dos incêndios.
Aviões lançaram um retardador de chamas ao redor das árvores, enquanto bombeiros montaram um sistema de irrigação para regá-las.
Espécies em risco
Cientistas estimam que a temporada de incêndios na Austrália que começou em setembro de 2019 e se intensificou na virada do ano tenha matado mais de um bilhão de animais. O fogo destruiu, até 22 de janeiro, cerca de 10 milhões de hectares — área maior que a Irlanda e Irlanda do Norte juntas. Pelo menos 30 pessoas morreram. E embora tempestades tenham varrido algumas áreas afetadas, autoridades afirmam que a crise está longe de ser superada.
Pássaros, roedores e insetos estão acostumados com a temporada anual de incêndios. O ano de 2019 foi, no entanto, o mais quente e seco em 120 anos, o que contribuiu para o fogo atingir regiões que não costumam queimar, como florestas tropicais e pântanos.
Os rebanhos de gado e ovelha do país, que está entre os maiores exportadores de carne no mundo, foi afetado. Pelo menos 10 mil camelos, espécie considerada peste na Austrália, devem ser abatidos por beberem muita água.
Mas a preocupação maior dos cientistas são as perdas significativas contabilizadas entre animais, alguns que existem só naquele país. De acordo com o governo australiano, o fogo ameaça o futuro de 331 espécies. Em 2016, a Austrália registrou seu primeiro caso de espécie extinta devido à crise do clima. Com a intensidade dos incêndios, ecologistas temem que novas espécies sejam adicionadas à lista pelo mesmo motivo.
A Austrália está entre os países considerados “megadiversos”. O grupo, que também inclui o Brasil, reúne 17 nações que ocupam menos de 10% da superfície do planeta, mas abrigam mais de dois terços de todas as espécies conhecidas de fauna e flora.
A estimativa de que mais de um bilhão de animais foram mortos desde o início dos incêndios em 2019 foi feita pelo professor Christopher Dickman, da Universidade de Sidney. O número toma como base a densidade populacional de mamíferos, pássaros e répteis descritos em estudos acadêmicos publicados. Para chegar aos dados finais, esse valor é calculado com base na área atingida pelas queimadas.
À BBC, Dickman afirma que pássaros e animais maiores, como cangurus e emus, provavelmente são capazes de escapar conforme o fogo se aproxima, mas espécies menores e com menos mobilidade são mais suscetíveis à linha do fogo. Mesmo aqueles que sobrevivem ao incêndio podem morrer posteriormente por falta de comida e abrigo.
Após queimadas intensas, raposas e gatos selvagens – espécies trazidas para o continente durante as ondas de imigração – se deslocam até 30 quilômetros para caçar nessas áreas. Sem lugar para se esconderem, os animais nativos podem se tornar presas fáceis.
Alguns cientistas contestam o número estimado por Dickman por considerarem que muitos animais são mais resilientes e capazes de sobreviver do que se imagina. Outros, no entanto, apontam que a perda pode ser ainda maior. Isso porque em alguns casos o cálculo total se baseia em estudos de densidade populacional antigos, como um sobre répteis de 1985. Outras espécies sequer têm estimativas publicadas, como morcegos, sapos e invertebrados.