Domingo, 29 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 29 de março de 2016
Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Teori Albino Zavascki, de 68 anos, conta com uma longa carreira de mais de 40 anos. Nascido em Faxinal dos Guedes, no interior de Santa Catarina, o magistrado tem estado em evidência na mídia desde a última semana, após ter enquadrado o juiz Sérgio Moro e chamado para si o caso da investigação sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O prédio onde mora, no bairro Mont Serrat, zona nobre de Porto Alegre, tem sido local de protestos. Manifestantes alegam que o ministro tende a tomar decisões favoráveis aos petistas.
Zavascki, em tempos de folgas ou férias, gosta de ficar tomando chimarrão na varanda da casa da família em Faxinal dos Guedes, em silêncio, apreciando a paisagem do laguinho com patos e as lavouras ao fundo. É capaz de ficar horas sem dizer uma única palavra. Pelo menos até ser servida a saborosa polenta de fogão de lenha – que, para seu deleite, costuma ir à mesa com frango ao molho.
Ele gosta também de ouvir boa música, como clássicos, que curte tanto na capital gaúcha quanto em Brasília (DF). Mas não desdenha o som de uma “gaita” bem tocada quando está na terra natal, ainda mais se ela for dedilhada por jovens músicos filhos de vizinhos.
Seminarista.
Tido por colegas da magistratura e do direito, amigos e familiares como um julgador rigoroso na observância da vontade do legislador, um “linha-dura constitucional”, enfrentar casos polêmicos é com ele mesmo.
Filho de Pia Maria Fontana Zavascki, uma italiana de Encantado, no Rio Grande do Sul, que se casou com Severino, descendente de poloneses, Zavascki saiu de casa ainda menino, aos 11 anos. Foi estudar no seminário de Chapecó (SC) para ser padre, gostava dos livros e era sempre muito concentrado nos estudos.
Deixou o sítio da família para viver no colégio religioso e só voltava nos finais de semana para rever os parentes e os amigos. Mas no aconchego de casa, garantem todos, ele não toca em assuntos de togas e arrazoados.
Ainda um adolescente, Zavascki já teve de tomar uma decisão que mudaria o rumo de sua vida para sempre: deixar o seminário católico. Enfrentando a vontade da mãe, o jovem foi então para Porto Alegre, onde fez vestibular para direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, formando-se em 1972.
Depois foi advogado do Banco Central do Brasil, casou-se, teve três filhos – Alexandre (médico), Francisco e Liliana, ambos advogados, que dividem um escritório com a mãe, a ex-procuradora do Estado Liana Maria Prehn Zavascki. Em seu segundo casamento, o ministro se uniu a Maria Helena Marques de Castro, juíza federal que morreu em 2013, aos 50 anos, vítima de um câncer.
A convivência com momentos decisivos na vida vem de longe também na magistratura. Foi aprovado em concurso para juiz federal em 1979, mas somente tomou posse dez anos depois. Foi presidente do Tribunal Regional Federal da 4 Região de 2001 a 2003, quando operou a construção da nova sede do tribunal bem na época do escândalo dos desvios de dinheiro do fórum trabalhista de São Paulo.
Julgador duro e reto.
Amigo de constitucionalistas como Nelson Jobim, ex-ministro da Justiça e ex-membro do STF, assim como de Ellen Gracie Northfleet, também ex-ministra do Supremo, considerado por colegas do Superior Tribunal de Justiça, para onde foi em 2003, como julgador duro e reto, gestor da lei, Zavascki foi indicado pela presidenta Dilma Rousseff para a Suprema Corte em setembro de 2012. A nomeação ocorreu em outubro e a posse em 29 de novembro.
Zavascki só não concede mesmo no futebol. Ele é gremista, tem cadeira cativa no estádio e, contam amigos, chega a se emocionar nas conquistas do tricolor gaúcho. (AE)