Terça-feira, 08 de outubro de 2024
Por Redação O Sul | 21 de outubro de 2017
Eis que surge um novo aplicativo. O usuário, interessado, preenche vários campos com informações pessoais e se cadastra. Alguns dias depois, ele se cansa e o app vai embora (ou cai no esquecimento em algum canto do celular). Os dados, no entanto, continuam lá.
Com isso, o internauta vai deixando seu rastro digital. Joga na rede informações pessoais que vão de CPF e nome da mãe a preferências musicais e amorosas. Muitos desses dados estão acessíveis com uma simples pesquisa no Google.
No mês passado, Judith Duportail contou sua história com o aplicativo de relacionamentos Tinder no jornal britânico The Guardian. A jornalista pediu para o app os dados que tinha sobre ela. O resultado? Oitocentas páginas com informações – muitas delas que Duportail afirmava desconhecer.
“Na prática, as pessoas nem sabem o que está lá [na internet]”, diz Renato Leite Monteiro, professor de direito digital do Mackenzie.
Segundo Monteiro, há uma regra da “necessidade” no armazenamento do conteúdo: os aplicativos devem reter a menor quantidade possível de dados para o seu funcionamento e apagar após eles terem cumprido sua finalidade.
“Isso impede uma prática comum, que é coletar todos os dados que podem, independentemente de serem úteis ou não”, diz Monteiro.
Sites como Facebook, Google e Twitter possibilitam o download dessa informação e dizem que elas são apagadas quando a conta é excluída.
Golpes
Estudo feito pela empresa de cibersegurança Cipher em setembro vasculhou a internet por “pegadas digitais” de profissionais ligados à segurança da informação – ou seja, pessoas que não são leigas no assunto.
Foram encontrados CPF, data de nascimento, telefone e renda de todos eles. Da maioria (94%) também constavam nome da mãe, endereço e e-mail.
Outro problema: uma vez on-line, é muito difícil remover a informação.
De acordo com Bruno Bioni, assessor jurídico do NIC.br (órgão ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil), é difícil antecipar os prejuízos ao usuário que tem seus dados expostos.
Ainda assim, golpes e fraudes são alguns dos problemas mais citados por especialistas.
Apesar dos alertas de especialistas, 30% dos brasileiros dizem preferir nem pensar na possibilidade de um ciberataque, mostra pesquisa da empresa de cibersegurança A10 Networks.
“O usuário pensa que o app é seguro e transfere a responsabilidade para terceiros. Pode ser para a equipe de TI ou para quem desenvolveu o app”, afirmou Daniel Junqueira, gerente da A10 Networks.
Como se proteger
Sempre alerta – Acesse google.com/alerts e configure alertas por e-mail para quando o seu nome aparecer em algum lugar novo on-line.
Filtros – o buscador exclui resultados de busca em casos específicos, como dados bancários e nudez compartilhada sem consentimento. Para isso, acesse: goo.gl/gY9hv.
Desapegue – Tente se lembrar de contas antigas em desuso, como e-mails, redes sociais, aplicativos; talvez seja a hora de apagá-los.
Publicar é fácil – Tenha em mente que, uma vez on-line, é muito difícil remover um conteúdo. Ficou na dúvida se uma informação pode ser sensível ou não? Não poste.
Dados públicos – Nos casos de dados públicos, como os ligados a processos, não há muito o que fazer a não ser monitorar a atividade dos documentos para se proteger de eventual fraude.