Terça-feira, 29 de julho de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Economia Saiba qual o impacto do boicote de supermercados europeus à carne brasileira

Compartilhe esta notícia:

A JBS nega irregularidades e diz que mantém tolerância zero com o desmatamento ilegal. (Foto: Divulgação/Abiec)

“O Natal chegou mais cedo para as florestas da Amazônia, o cerrado brasileiro e o Pantanal”, disse Nico Muzi, diretor da ONG Mighty Earth, ao jornal britânico The Guardian.

Ele comentava a decisão, anunciada nesta semana, de seis redes europeias de supermercados de não vender mais carne bovina com origem no Brasil ou produtos ligados à JBS, após denúncias de que a empresa brasileira teria comprado gado criado em áreas de desmatamento, dentro de um esquema conhecido como “lavagem de gado”.

Neste esquema, o gado criado em áreas desmatadas seria transferido para uma fazenda regularizada e depois vendido para o abate. Dessa forma, a origem dele seria mascarada.

A investigação que deu origem ao boicote anunciado pelos varejistas europeus foi feita pela Mighty Earth, em parceria com a organização brasileira Repórter Brasil.

A JBS nega irregularidades, diz que mantém tolerância zero com o desmatamento ilegal e que bloqueou mais de 14 mil fornecedores por descumprirem suas normas.

No dia 19 de novembro, o governo brasileiro prometeu aumentar as punições aos desmatadores.

Mas qual é de fato o impacto do boicote anunciado? E como ele se insere num movimento maior de intolerância da opinião pública ao desmatamento, com o avanço de legislações em diversas partes do mundo exigindo um maior controle das cadeias produtivas de alimentos?

Especialistas da área ambiental e do setor agropecuário responderam a essas e outras questões.

Boicotes

Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, destaca que a decisão de boicote pelos supermercados europeus é parte de um movimento que já vem de alguns anos, de pressão por compradores de produtos brasileiros contra o desmatamento.

“Isso começou em 2006, com a moratória da soja, quando o McDonald’s anunciou a suspensão temporária da compra de soja brasileira por conta do desmatamento”, lembra Astrini.

Protestos do Greenpeace contra o McDonald’s levaram a rede de lanchonetes a interromper temporariamente a compra de soja brasileira em 2006

Em 2019, grandes marcas internacionais de vestuário, incluindo Kipling, Timberland, Vans e The North Face, suspenderam a compra de couro do Brasil em meio à forte repercussão internacional naquele ano das queimadas na região amazônica.

Também naquele ano, a Paradiset, maior rede de produtos naturais da Suécia, decidiu banir produtos agrícolas brasileiros de suas prateleiras, devido à maior liberação de agrotóxicos no país sob o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Em maio desse ano, um grupo de empresas europeias, incluindo a rede britânica de supermercado Tesco e a loja de departamentos Marks & Spencer, ameaçou parar de comprar commodities brasileiras em protesto contra um projeto de lei (PL 510/2021) em tramitação no Senado, que tratava da regularização da ocupação de terras públicas.

Uma reportagem recente do jornal Financial Times, no entanto, destacou que nem sempre as ameaças de boicote têm resultados práticos.

Segundo o periódico financeiro britânico, de um grupo de mais de duas dúzias de instituições financeiras que, em junho de 2020, endereçaram uma carta ao governo brasileiro pedindo controle do desmatamento e ameaçando desinvestir de empresas e da dívida soberana do Brasil, apenas duas instituições fizeram desinvestimentos de fato.

O FT destacou ainda que a ameaça de boicote do grupo encabeçado pela rede de supermercados Tesco também não foi para a frente, apesar do contínuo avanço do desmatamento no Brasil — embora o PL 510/2021 não tenha prosperado. Conforme o jornal, o grupo agora diz que um esforço unificado de governos e do setor corporativo é necessário.

Inércia

Para Márcio Astrini, do Observatório do Clima, esses movimentos de boicotes e ameaças de desinvestimentos tendem a continuar, a não ser que o Brasil tome uma ação efetiva contra a destruição de suas florestas. Para o ambientalista, no entanto, isso vai depender de uma mudança de governo.

“Existe só um antídoto para isso, que é o Brasil eliminar o desmatamento e dar a garantia para quem compra produtos brasileiros de que esse produtos não estão envolvidos com a destruição ambiental”, diz o secretário-executivo.

“Mas isso depende muito de quem está tomando as decisões no País. Hoje, esse tipo de iniciativa [de boicotes por grupos empresariais] não vai mudar a postura do presidente da República, infelizmente”, avalia, acrescentando que esses movimentos internacionais têm, no entanto, impacto sobre a opinião pública, Poder Judiciário e parte do Congresso, aumentando a pressão sobre o governo federal.

Os supermercados europeus que anunciaram nesta semana o boicote ao Brasil não informaram o volume de produtos que deixará de ser comprado devido à barreira comercial.

tags: em foco

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

Conheça o novo valor das aposentadorias e pensão por morte do INSS para 2022
Deputados aprovam projeto que abre crédito para bancar despesas com vale-gás
https://www.osul.com.br/saiba-qual-o-impacto-do-boicote-de-supermercados-europeus-a-carne-brasileira/ Saiba qual o impacto do boicote de supermercados europeus à carne brasileira 2021-12-18
Deixe seu comentário
Pode te interessar