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Por Redação O Sul | 16 de março de 2018
Mulher, negra, mãe, feminista, socióloga, “cria da favela”, como ela mesmo gostava de falar. Nascida no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro, em 27 de julho de 1979, Marielle Francisco da Silva, a Marielle Franco, era referência na luta pelos direitos humanos. A mais recente conquista na área foi o mandato de vereadora na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, eleita pelo PSOL.
Com bolsa integral, após ser aluna do Pré-Vestibular Comunitário da Maré, Marielle Franco se graduou em Ciências Sociais pela PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). Durante os estudos na PUC, ela não se envolveu com movimentos estudantis, por conta da pouca disponibilidade de tempo, dividido entre estudos e trabalhos para sustentar a filha Luyara, nascida quando Marielle tinha 19 anos. Hoje, a jovem tem 18 anos.
Com o diploma de socióloga, ela, que já tinha trabalhado como educadora infantil na Creche Albano Rosa, na Maré, se tornou professora e pesquisadora respeitada. Depois virou mestre em Administração Pública pela UFF (Universidade Federal Fluminense).
A vida da política foi dedicada à militância na defesa dos direitos humanos e contra ações violentas nas favelas. A luta foi impulsionada após a morte de uma amiga, vítima de bala perdida, durante um tiroteio envolvendo policiais e traficantes de drogas na favela onde nasceu e viveu.
Marielle Franco integrou, em 2006, a equipe de campanha que elegeu Marcelo Freixo à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Após a posse dele como deputado, foi nomeada assessora parlamentar dele. Depois assumiu a coordenação da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da assembleia.
Há dois anos, na primeira disputa eleitoral, foi eleita com 46.502 votos para o cargo de vereadora na capital carioca pela coligação Mudar é possível, formada pelo PSOL e pelo PCB. Marielle Franco foi a quinta mais votada na cidade. Sua trajetória acadêmica e política lhe valeu a declaração pública de voto de 257 acadêmicos e professores, que declararam apoio a Marielle.
“Nossa conta era de superar cerca de 6 mil ou 6,5 mil votos. Até o último minuto no sábado à noite a gente estava fazendo campanha. Fiquei muito feliz com essa votação expressiva porque eu acho que é uma resposta da cidade nas urnas para o que querem nos tirar, que é o debate das mulheres, da negritude e das favelas”, disse ela pouco depois dos resultados.
Políticos, governos, partidos e entidades lamentaram morte da vereadora Marielle Franco. A cantora Teresa Cristina também prestou homenagem à Marielle. “Difícil pensar alguma coisa nesse momento de tanta dor. Que os familiares de Marielle Franco encontrem algum conforto diante de tamanha brutalidade”.
O mesmo fez a atriz Mônica Iozzi. Em seu post, ela contou que conhecia Marielle. “Ela lutava pela paz, por oportunidades iguais para todos. Denunciava a corrupção na câmara, na polícia…”, escreveu.
Elza Soares se disse horrorizada. “Das poucas vezes que me falta a voz. Chocada. Horrorizada. Toda morte me mata um pouco. Dessa forma me mata mais. Mulher, negra, lésbica, ativista, defensora dos direitos humanos. Marielle Franco, sua voz ecoará em nós. Gritemos.”
Marisa Monte lamentou: “Muita tristeza pelo assassinato covarde de Marielle, uma mulher, servidora pública que lutava contra forças criminosas e trabalhava por uma cidade menos desigual. Muita tristeza pela situação crítica em que chegamos e pela ineficácia vergonhosa do poder público”.
Andreia Horta: “Há poucas semanas nos encontramos e nos demos um forte abraço e eu disse a ela: votei em você! Agora meu desejo mais profundo é que os deuses acordem furiosos. Que os deuses acordem os homens”.
Carol Barcellos: “A voz nunca se cala!! E ela falou! De forma linda e corajosa!! Mas que covardia!!!!! Luto por Marielle e pelo motorista Anderson Pedro Gomes!”.