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| Se uma estrela passar de raspão, isso já pode ser o suficiente para desestabilizar o sistema planetário

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Estrela de Scholz e sua companheira anã marrom passaram a menos de um ano-luz do Sol (visto ao fundo como uma estrela mais brilhante). (Foto: reprodução)

Há 70 mil anos, na mesma época em que nossos ancestrais iniciaram sua expansão para além da África, um evento celeste ameaçava impor um fim abrupto e melancólico à experiência humana. Nessa época, uma estrela passou de raspão pelo Sistema Solar, a uma distância que chegou a ser inferior a um ano-luz. Se o astro tivesse chegado um pouco mais perto, poderia ter despertado uma chuva de cometas na direção do interior do sistema planetário que, sem dificuldades, apagaria a nossa espécie do mapa-múndi. Felizmente não aconteceu, e a raça humana sobreviveu para desvendar mais essa incrível história. A descoberta foi feita por uma equipe internacional de pesquisadores liderada por Eric Mamajek, da Universidade de Rochester, nos EUA.

Os cientistas analisaram um astro apelidado de Estrela de Scholz, em homenagem a seu descobridor, o astrônomo alemão Ralf-Dieter Scholz. Em 2013, ele encontrou o astro, hoje localizado a 20 anos-luz da Terra, em dados coletados pelo satélite Wise, da Nasa (agência espacial americana).

Trata-se de um astro binário composto por uma estrela anã vermelha com 8% da massa do Sol e por uma anã marrom – categoria que corresponde às “estrelas abortadas”, que não conseguiram juntar matéria para iniciar as reações nucleares que a fariam “acender”.

E o que chamou agora a atenção para ele foi seu movimento. Ele parecia se deslocar pouco no céu, apesar da proximidade. Uma possibilidade de explicar isso seria imaginar que a maior parte da velocidade da estrela estaria em uma direção de profundidade, imperceptível pela posição celeste – ou seja, podia estar se afastando ou se aproximando do Sistema Solar.

Dito e feito: medições da distorção da luz da estrela causadas por seu movimento indicavam que a Estrela de Scholz estava de fato se afastando do Sistema Solar. Começou então a saga de, a partir do movimento atual, reconstruir seu paradeiro no passado. Os pesquisadores realizaram 10 mil simulações independentes que refletissem a possível órbita do astro em torno do centro da Via Láctea. Em 98% delas, a estrela passava a mero 0,8 ano-luz de distância do Sol.

Se você trocar o ano-luz por uma medida mais convencional, como o quilômetro, talvez o valor não lhe pareça pequeno – são cerca de 8 trilhões de quilômetros. Mas, do ponto de vista interestelar, é literalmente como passar raspando. É tão perto que a essa distância ainda devem existir objetos que orbitam o Sol – são os membros da chamada nuvem de Oort, um enorme repositório de cometas nas profundezas do Sistema Solar.

Felizmente, a estrela “visitante” não passou pela região mais interna da nuvem, onde seria capaz de perturbar objetos e atirar alguns deles na direção dos planetas – a Terra seria um dos alvos. A chance de isso ter acontecido era pequena, mas não nula – em uma das 10 mil simulações realizadas, foi exatamente o que ocorreu.

Carrossel ou roleta-russa?

O trabalho é um lembrete importante de como são as coisas na periferia de uma galáxia como a nossa, a Via Láctea. O Sol viaja em torno do centro galáctico a uma distância de cerca de 30 mil anos-luz, o que o coloca em uma região relativamente dispersa do disco galáctico. Ainda assim, temos muitas estrelas vizinhas que também seguem seus caminhos em torno do centro da galáxia – cada uma em sua órbita própria e com sua velocidade e direção.

Embora olhemos para as estrelas no céu e as vejamos na mesma posição dia após dia, com o passar de milhares de anos se pode perceber que elas não guardam sempre a mesma posição com relação a nós. Podem se aproximar e se afastar.

Perigo.

Colisões são raríssimas, mesmo nas regiões mais internas da Via Láctea, onde a densidade de estrelas é maior. Mas só uma passagem de raspão já pode ser o suficiente para desestabilizar o sistema planetário ou, no mínimo, causar uma certa “bagunça” em seu interior. O perigo, literalmente, mora ao lado.  (Salvador Nogueira/Folhapress)

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https://www.osul.com.br/se-uma-estrela-passar-de-raspao-isso-ja-pode-ser-o-suficiente-para-desestabilizar-o-sistema-planetario/ Se uma estrela passar de raspão, isso já pode ser o suficiente para desestabilizar o sistema planetário 2015-05-05
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