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Por Redação O Sul | 13 de outubro de 2017
Um selo com o rosto de Ernesto Che Guevara, editado pelo 50º aniversário de sua morte, é um sucesso de vendas na Irlanda, país onde o revolucionário argentino tinha raízes familiares. “Inicialmente havíamos impresso 122.000 selos… Nos vemos obrigados a reimprimir” diante da grande demanda, declarou nesta sexta-feira um porta-voz dos Correios irlandeses.
O selo de € 1 reproduz o célebre retrato em preto e branco criado pelo artista de Dublin Jim Fitzpatrick em 1968, com um fundo vermelho.
O pai de Che Guevara, Ernesto Guevara Lynch, era um engenheiro civil de origem irlandesa, e a frase que lhe é atribuída – “nas veias de meu filho corre o sangue dos rebeldes irlandeses” – aparece no envelope feito para acompanhar o selo. A homenagem não suscita, entretanto, unanimidade. O senador Neale Richmond considerou a iniciativa “totalmente inaceitável”, e perguntou se os Correios da Irlanda também têm a intenção de honrar ditadores como Pol Pot e Nicolae Ceausescu.
Corpo de Che Guevara
Passada a meia-noite, um tratorista recebeu a ordem de levantar-se da cama. Ele e mais três membros do Exército boliviano tinham uma missão especial naquele 11 de outubro de 1967: sumir com o corpo de Ernesto Che Guevara.
O líder guerrilheiro argentino-cubano havia sido executado dois dias antes, em 9 de outubro, e seu corpo ainda estava no hospital de Vallegrande, um povoado no sudeste do país. Cumprida a tarefa, o tratorista e os outros oficiais juraram guardar segredo.
“A ordem foi para desaparecer com os restos dele para que não houvesse um lugar de peregrinação”, disse à BBC o general aposentado Gary Prado. O militar dirigiu a companhia do Exército boliviano que capturou Guevara, que tentava organizar um levante na Bolívia nos moldes da revolução cubana, em 8 de outubro de 1967.
Em 1995, o pacto de segredo foi rompido, e o oficial Mario Vargas Salinas revelou ao jornalista americano Jon Lee Anderson, biógrafo de Guevara, que os restos dele estavam enterrados na velha pista de pouso de Vallegrande.
A partir dessa informação, uma equipe de especialistas cubanos chegou a Vallegrande para iniciar as buscas pela vala com os restos mortais do guerrilheiro – encontrados em 1997.
Cinquenta anos após sua morte, Che Guevara continua a suscitar debates. O guerrilheiro é ícone da esquerda latino-americana e símbolo da revolução socialista liderada por Fidel Castro em Cuba, que derrubou uma ditadura apoiada pelos Estados Unidos e colocou em prática ideais comunistas.
Vallegrande, 50 anos depois
A cidade de Jesús y Montes Claros de los Caballeros del Vallegrande, localizada a 241 quilômetros de Santa Cruz de la Sierra, foi fundada há 405 anos e tem menos de 15 mil habitantes. Além de ser conhecida por ter abrigado o corpo de Che Guevara por 30 anos (antes de ser levado para Cuba, onde repousa sob o mausoléu em sua homenagem erguido na cidade de Santa Clara), também tem certa fama por causa de seu carnaval e dos licores de frutas que produz.
Em outubro, mês da morte de Che Guevara, recebe um grade número de turistas, que desejam percorrer os locais onde o guerrilheiro passou seus últimos dias.