Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 13 de abril de 2022
Mais de mil fuzileiros navais ucranianos se renderam na cidade portuária de Mariupol, disse o Ministério da Defesa da Rússia nesta quarta-feira, o 49º dia da guerra. A cidade no Sudeste, o principal alvo estratégico na região de Donbass, foi reduzida a ruínas, mas ainda não está sob controle russo.
Cercada e bombardeada por tropas russas por semanas e foco de alguns dos combates mais ferozes da guerra, Mariupol, onde antes da guerra moravam mais de 400 mil habitantes, seria a maior cidade a cair desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro.
“Na cidade de Mariupol, perto da siderúrgica Ilyich, como resultado de ofensivas bem-sucedidas das Forças Armadas russas e unidades da milícia da República Popular de Donetsk, 1.026 soldados ucranianos da 36ª Brigada de Fuzileiros Navais depuseram voluntariamente as armas e se renderam”, disse o ministério em um comunicado.
Segundo a Rússia, entre os prisioneiros de guerra há 162 oficiais, 151 soldados feridos e 47 militares do sexo feminino.
Na manhã desta quarta-feira, horas antes da rendição, um fuzileiro naval ucraniano pediu em uma mensagem em vídeo que a resistência dos soldados seja lembrada e que a Ucrânia lute até a vitória final.
“Glória à Ucrânia! Nós somos os defensores de Mariupol, a 36ª Brigada de Fuzileiros Navais, que defendeu e defenderá esta cidade até o fim. Nunca cedemos. Mantivemos cada centímetro desta cidade. Mas a realidade é tal que a cidade está realmente bloqueada, cercada. Não houve abastecimento de munição ou comida”, diz o fuzileiro naval, não identificado.
O fuzileiro acrescentou que os soldados ucranianos “mantiveram a linha até o fim”.
“Todo ucraniano deve se lembrar do custo dessa resistência e terminar o trabalho: lutar até a vitória final. Ucrânia, Europa, o mundo… Acreditamos na vitória e somos eternamente leais, leais até o fim.”
A repórter ucraniana Natalia Nahorna, do veículo ucraniano 1+1 Media, que publicou o vídeo dos fuzileiros navais, disse que a mensagem foi gravada por volta de 5h da manhã em Mariupol. A repórter acrescentou que os fuzileiros “ainda estão aguentando, mas não há quase nada em que possam se segurar”, então “é uma questão de horas”.
O soldado britânico Aiden Aslin, que, após lutar na Síria, desde 2018 integra o corpo de fuzileiros navais ucraniano, está entre os rendidos. Ele publicou uma mensagem em redes sociais se despedindo na terça-feira. “Já se passaram 48 dias, tentamos ao máximo defender Mariupol, mas não temos escolha a não ser nos render às forças russas. Não temos comida nem munição. Foi um prazer para todos, espero que essa guerra termine logo”, disse.
O Estado-Maior da Ucrânia disse que as forças russas estavam realizando ataques à região industrial de Azovstal, onde se encontram escondidos a maioria dos combatentes ucranianos, e ao porto, mas um porta-voz do Ministério da Defesa disse que não tinha informações sobre qualquer rendição.
Se os russos tomarem o distrito industrial de Azovstal, onde os fuzileiros navais estão escondidos, vão assumir o controle total de Mariupol, liberando forças para lutarem em outras partes da região de Donbass e permitindo que a Rússia reforce um corredor terrestre entre as áreas do Leste controladas pelos separatistas e a região da Crimeia, que tomou e anexou em 2014.
O administrador militar regional de Donetsk, uma das regiões de Donbass, informou que a Ucrânia estima que mais de 20 mil pessoas morreram em Mariupol. Segundo ele, ataques da Rússia destruíram 84 mil edificações e 40% dos prédios da cidades.
O Ministério da Defesa da Ucrânia disse que há registros da presença por parte das forças russas de 13 crematórios móveis para limpar as ruas dos corpos de civis mortos e esconder o número real de baixas russas. “Além disso, as Forças Armadas Russas utilizam crematórios móveis para destruir os corpos dos soldados russos, a fim de esconder o número real de seus soldados que foram mortos na agressão russa e se recusam a pagar às famílias”, disse o ministério. O ministério publicou fotos do que seriam os crematórios, e afirma que eles foram usados na região de Chernihiv, no Norte.
A defesa ucraniana em Mariupol, que está em grande inferioridade numérica, é composta por fuzileiros navais, membros da milícia neonazista Batalhão Azov, membros da Guarda Nacional e civis que se uniram. Embora o Batalhão Azov tenha mais visibilidade, analistas militares consideram que os fuzileiros navais têm um papel crucial na resistência.