Quinta-feira, 23 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de agosto de 2016
O presidente do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski voltou a pedir que os senadores façam perguntas de forma objetiva e não induzam respostas das testemunhas no julgamento de Dilma Rousseff no processo de impeachment no Senado Federal.
O anúncio foi feito após Lindbergh Farias (PT-RJ) fazer uma pergunta ao economista Luiz Gonzaga Belluzzo e criticar a política econômica adotada em 2015 e pelo presidente interino Michel Temer.
Durante sua resposta, o economista comparou o ajuste na economia com “um pugilista que foi para o corner e o treinador, para reanimá-lo, lhe deu um soco na cabeça”.
Lewandowski declarou que poderá pedir que os senadores indiquem qual o “objeto” das solicitações de palavras pela ordem, para avalizá-las ou não.
O julgamento final acontece nove meses após o ex-presidente da Câmara e hoje deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ter acolhido o pedido de afastamento da petista.
Briga
Na manhã desta sexta-feira, Lewandowski teve de suspender a sessão após tumulto entre os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Após Caiado falar pela ordem, Lindbergh disse que “esse senador que me antecedeu é um desqualificado”.
“O que fez com senadora Gleisi é de covardia impressionante, dizer que tentou aliciar testemunha”, afirmou.
Na sequência, Lewandowski repreendeu o petista. “Não posso admitir palavras injuriosas dirigidas a qualquer senador. Vou usar meu poder de polícia para exigir respeito mútuo e recíproco.”
Caiado respondeu fora dos microfones. Disse que Lindbergh tem mais de 30 processos no STF e “cracolândia em seu gabinete”. Lindbergh respondeu com “Cachoeira sabe da sua vida. Ninguém aqui aguenta mais esse cara”, fazendo os senadores à sua volta reagirem, pedindo calma.
Como o tumulto continuou, o presidente do STF pediu que os microfones fossem desligados e a sessão suspensa por cinco minutos.
Acusação
Dilma está afastada do cargo há quase quatro meses, desde que o Senado aceitou o processo e Michel Temer assumiu interinamente a Presidência. Ele diz já ter os 54 votos mínimos necessários para ser confirmado no cargo.
A presidenta afastada é acusada de editar, em 2015, decretos de créditos suplementares sem aval do Congresso e de usar dinheiro de bancos federais em programas do Tesouro, as chamadas “pedaladas fiscais”.
Nesta quinta foram apresentadas questões de ordem e duas testemunhas de acusação foram ouvidas: o procurador do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Júlio Marcelo de Oliveira, e o auditor do TCU, Antônio Carlos D’Ávila.
Em um dos principais fatos no primeiro dia, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski, que preside a sessão, “rebaixou” Júlio Marcelo à posição de “informante”. A acusação tentará fazer o mesmo com testemunhas de defesa.
Dilma irá apresentar aos senadores sua defesa pessoalmente nesta segunda-feira (29), às 9h. A votação final será na terça (30). (Folhapress)