Quarta-feira, 15 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de outubro de 2020
O senador Elmano Férrer (Progressistas -PI) emprega em seu gabinete a mulher do desembargador Kassio Nunes Marques, mas diz não saber quais as funções que ela exerce, com salário de R$ 11,4 mil por mês. “Eu tenho mais de 30 (funcionários) lá. Não sei o que… Ela é economista, trabalha lá”, afirmou Férrer ao jornal O Estado de S. Paulo. “Vocês estão querendo especular umas coisas. Eu não trato dessas questões administrativas de servidores, de o que fazem.”
Nesta quarta-feira (21), o Plenário do Senado aprovou a indicação de Kassio Nunes Marques para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal.
Aliado do presidente Jair Bolsonaro, o senador trocou o Podemos pelo Progressistas, em setembro. Na mudança, perdeu o direito de manter cargos na 2ª vice-presidência da Casa, mas ganhou espaço na 4ª Secretaria. Maria do Socorro Mendonça de Carvalho Marques, casada com o desembargador, passou por essa dança das cadeiras. Acabou, porém, levada de volta ao gabinete de Férrer, onde começou a trabalhar, no ano passado, como assistente parlamentar júnior. “Foi o ajuste feito com Ciro Nogueira (senador e presidente do Progressistas e um dos líderes do Centrão). As pessoas que foram liberadas pelo Podemos foram para o partido que estou agora, o Progressistas. E ela foi uma delas”, disse Férrer em entrevista
Aos 78 anos, o senador tem todos os seus funcionários em trabalho remoto desde março. Por ser do grupo de risco da Covid-19, ele também tem evitado viajar para Brasília.
Quando perguntado quais têm sido as atividades de Maria do Socorro durante a pandemia, Férrer preferiu não responder. “Isso é uma questão minha. Sou um senador, isso é uma questão nossa. É uma questão minha, de senador da República. Todos nós estamos trabalhando muito, inclusive eu”, reagiu.
Férrer também não quis contar como a servidora lhe foi apresentada e despachou o assunto para o chefe de gabinete, Solon Braga. Ele, por sua vez, disse que Maria do Socorro é economista e tem a tarefa de “acompanhar projetos” de interesse do mandato. Braga observou ainda que, mesmo no período em que estava formalmente lotada na estrutura administrativa do Senado, ela dava expediente no gabinete. “A gente é que tem a responsabilidade pelo funcionário”, atestou.
A mulher de Marques tem cargos no Senado desde 2012. De lá para cá, ela já trabalhou com quatro senadores do Piauí.
Kassio Nunes Marques afirmou nesta quarta-feira não ter informações sobre quais são as atribuições de sua mulher, que é funcionária do Senado. O tema veio à tona na sabatina do magistrado no Senado.
“Agora, o trabalho que ela desempenha, eu sabia, não sei lhe dizer… É alteração de gabinete toda hora… Mas o que eu sabia que fazia é exatamente… Essas respostas… Porque é vindo de lideranças, de questionamentos ao gabinete. Eu não sei se é o que ela desempenha, absolutamente”, disse ele, em frases sem sequência, ao responder à pergunta do líder do Cidadania, Alessandro Vieira (SE).
Natural do Piauí, Marques não respondeu se exerceu influência para a contratação de Maria do Socorro pelo senador Férrer, seu conterrâneo. O desembargador disse acreditar que ela foi admitida porque parlamentares de Estados pequenos têm dificuldades para levar mão de obra a Brasília, por conta do alto custo de vida na cidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.