Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 5 de julho de 2019
O ministro Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública, acusou a imprensa de sensacionalismo e afirmou que não há ilicitude nas últimas mensagens reveladas pela revista Veja e pelo site The Intercept Brasil na manhã desta sexta-feira (05). Sem confirmar a autenticidade, o ex-magistrado afirmou que as mensagens foram “tiradas de contexto”.
“Eu respeito muito a imprensa, mas acho que ali teve um erro de procedimento. Eu não tive direito de resposta, não apresentaram estas mensagens antes para que nós pudéssemos avaliar”, afirmou o ministro em um evento voltado ao mercado financeiro em São Paulo.
“O que eu repudio é que essas mensagens, embora a gente respeite a liberdade de imprensa, têm sido divulgadas com extremo sensacionalismo, fora do contexto, com deturpação do conteúdo. Além da possibilidade de adulteração”.
A Veja informou na reportagem que solicitou a resposta de Moro, mas que entregaria apenas as mensagens pessoalmente, o que não teria sido aceito pelo ministro e também pelo coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol. Por isso, a revista alegou que Moro e Dallagnol “não quiseram receber a reportagem”.
Nos diálogos divulgados nesta sexta-feira, são expostas mais evidências de que o ex-juiz orientou a investigação do Ministério Público Federal na Lava-Jato, pedindo inclusão de provas e sugerindo a mudança de datas de operações, e mostrou contrariedade na delação de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara. A revista acusa Moro de ter omitido informações solicitadas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki, morto em 2017, para manter um inquérito na 13ª Vara Federal, então chefiada pelo atual ministro da Justiça.
Moro voltou a reiterar que não tem como confirmar a veracidade das mensagens, mas afirmou que, caso sejam dele, não há nada de ilícito no conteúdo divulgado. “Eu não posso confirmar a autenticidade, mas posso verificar fatos”, afirmou Moro. Segundo ele, não houve qualquer quebra da imparcialidade.
“A revista fala que eu mandei uma mensagem pedindo urgência do MP para se manifestar sobre um pedido de revogação de prisão preventiva. Uma mensagem de 17 ou 16 de fevereiro, dia 19 começa o recesso. Se for autêntica, eu estaria pedindo: preciso da manifestação para decidir o pedido. O que tem de ilícito de uma mensagem dessa espécie? Pelo contrário”, argumentou.
Moro falou ainda que este é um “assunto desagradável e repetitivo” que tem sido tratado com sensacionalismo pela imprensa. “[A publicação] pega uma mensagem que a gente não sabe nem se é autêntica e cria um contexto totalmente falso”, declarou Moro.