Segunda-feira, 03 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de novembro de 2020
Assim como fizeram os ex-ministros Joaquim Barbosa (STF), Gilson Dipp (STJ) e outras estrelas da Operação Lava-Jato, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro entrou no mercado da produção de pareceres jurídicos. A notícia foi dada pelo Estadão e pela revista Veja na semana passada.
No domingo (15), o jornal O Globo informou que Moro já faturou pelo menos R$ 750 mil com três peças, uma delas contra a Vale, num caso relativo a fraudes financeiras
Nesta segunda-feira (16), o escritório Warde Advogados, que reúne expoentes como o ex-diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello e o ex-ministro da Transparência, Valdir Simão confirmou sua primeira encomenda a Moro, por nota:
“Warde Advogados, devidamente autorizado por seu cliente, informa que contratou, a pedido do empresário israelense Benjamin Steinmetz, parecer do ex-ministro Sérgio Moro em um litígio transnacional, que se estabelece prioritariamente em Londres.”
Palestras
O ex-juiz do consórcio da Lava-Jato em Curitiba (PR) fechou um contrato com a Delos Cultural para cuidar da imagem do ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro. A empresa é um braço da DC Set, de Dody Sirena, empresário de Roberto Carlos. As informações são do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
Depois de cumprir a quarentena de sua saída do governo, que terminou no fim de outubro, ele vai voltar aos holofotes. Fechou um contrato para que a Delos desenvolva sua carreira de palestrante para a área corporativa.
A ideia é vendê-lo como “um dos líderes mais influentes do Brasil e do mundo” e “uma referência mundial no combate à corrupção”. E que, a partir de agora, Moro vai “contribuir para o aprimoramento da cultura empresarial e cívica do Brasil” em palestras, lives e aulas magnas.
Moro já tem agendadas dez palestras até o fim do ano, além de um seminário que coordenará num banco para falar de compliance.
Encontro com Huck
No dia 30 de outubro, Moro se recebeu o apresentador Luciano Huck, possível candidato à Presidência da República em 2022, em seu apartamento, em Curitiba (PR), para um almoço. O encontro foi revelado pela Folha de S.Paulo.
O núcleo que acompanha os movimentos do apresentador vê Moro como um nome ainda muito ligado à direita. Embora tenha rompido com o presidente Jair Bolsonaro, sua passagem recente pelo governo federal poderia tirar o caráter centrista que os apoiadores de Huck gostariam de dar a uma eventual candidatura.
Presidente do Cidadania, o ex-deputado Roberto Freire, que já abriu as portas do partido para Huck e tem atraído líderes de movimentos de renovação, disse que já sabia que Huck se encontraria com Moro. Ele defendeu o diálogo, apesar das diferenças políticas que tem com o ex-juiz, e afirmou que a prioridade para 2022 deve ser combater Bolsonaro.
“(Uma eventual união de Huck com Moro) é problemática? Claro que sim, mas (o debate) tem que começar agora para dar tempo de as pessoas se convencerem de que é importante unir oposições democráticas contra o bolsonarismo. Veja o que os Estados Unidos fizeram. Não vejo convergência entre meu partido e o Moro, mas prefiro a direita lavajatista do que Bolsonaro. Se a pessoa quiser se integrar, não podemos excluí-la por causa das companhias com quem ela andava”, afirmou.
Nem todos os políticos que têm tido contato com Huck pensam desse jeito. Também defensor de uma frente democrática para enfrentar o bolsonarismo em 2022, Flávio Dino disse que Huck “explode pontes” ao se aproximar de Moro. “Existe uma rejeição profunda a Moro na política e no mundo jurídico. É visto como extremista e mau caráter. Quem com ele se junta explode pontes e abre mão de ser um aglutinador”, disse.