Quarta-feira, 29 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de dezembro de 2019
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, publicou em uma rede social na quarta-feira (11), que não recebe o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.
“Tenho grande respeito pela OAB, por sua história, e pela advocacia. Reclama o presidente da OAB que não é recebido no MJSP. Terei prazer em recebê-lo tão logo abandone a postura de militante político-partidário e as ofensas ao PR [presidente Jair Bolsonaro] e a seus eleitores”, escreveu Moro.
O ministro se baseou em uma nota publicada pela revista Época. Ela dizia que Santa Cruz havia afirmado que os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro têm “desvio de caráter”.
Em mensagem enviada à Folha de S.Paulo, o presidente da OAB afirmou: “Tenho dificuldade em acreditar que o ministro Moro tenha dito que só recebe quem concorda com ele. Aliás, política partidária ele faz desde que era juiz em Curitiba como demonstram as reuniões realizadas antes do segundo turno com a equipe do presidente”.
Mais cedo, em comunicado enviado à imprensa, Santa Cruz afirmou que a notícia publicada na revista Época não refletia o que ele havia falado. “Bolsonaro explora os piores sentimentos que existem na nossa sociedade, como racismo, machismo e homofobia, incentivando o ódio. Essa não é a realidade do conjunto de apoiadores dele, que é composto de vários setores, que têm interesses legítimos. Gostaria de esclarecer que uma frase tirada do contexto dá uma ideia errônea do que falei e do que que penso”, dizia o texto.
Polêmica
Em julho deste ano, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que “um dia” contará ao presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, como o pai do jurista desapareceu na ditadura militar, caso a informação interesse ao filho.
Segundo Bolsonaro, Santa Cruz “não vai querer saber a verdade” sobre o pai, Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, que desapareceu no período na ditadura militar (1964-1985).
O presidente deu a declaração ao comentar o desfecho do processo judicial que considerou Adélio Bispo, autor da facada em Bolsonaro durante a campanha eleitoral, inimputável (isento de pena devido a doença mental).
“Um dia se o presidente da OAB [Felipe Santa Cruz] quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto para ele”, disse Bolsonaro.
“Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar às conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco, e veio a desaparecer no Rio de Janeiro”, complementou.
Em nota de repúdio às declarações de Bolsonaro à época, a OAB afirmou que todas as autoridades do país devem “obediência à Constituição Federal”, que tem entre seus fundamentos “a dignidade da pessoa humana, na qual se inclui o direito ao respeito da memória dos mortos”.