Quinta-feira, 07 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de outubro de 2024
Se você pudesse ter um auxiliar que te ajudasse a realizar tarefas frequentes que exigem múltiplas etapas, quais você delegaria? A onda mais recente da inteligência artificial (IA), impulsionada pelas grandes empresas que lideram o setor, é criar ferramentas que funcionem nas empresas como assistentes virtuais, chamados de “agentes”, que automatizam diferentes processos e executam funções sozinhos.
As aplicações podem ser personalizadas para áreas como marketing, recursos humanos, vendas, atendimento ou gerenciamento de estoques. Os sistemas também podem ser conectados a equipamentos inteligentes para gerar informações e auxiliar o trabalho de operadores de equipamentos em fábricas.
A proposta é que esses agentes de IA sejam configurados para interagir com múltiplas etapas de tarefas, organizando dados e sugerindo ou tomando decisões.
Esse tipo de aplicação é parte de um movimento para facilitar a venda de serviços para empresas em meio à crescente pressão de investidores para que as gigantes de tecnologia tragam retorno dos aportes financeiros massivos no desenvolvimento da IA, em nova frente competitiva.
A consultoria americana MarketsandMarkets estima que o mercado de agentes deve crescer de US$ 5,1 bilhões em 2024 para US$ 47,1 bilhões até 2030.
Na última terça, a Anthropic divulgou que o Claude, sua IA que concorre com o ChatGPT, será capaz de operar um computador de forma autônoma, completando tarefas que envolvam diferentes etapas, como navegar em sites, preencher formulários, agendar compromissos e fazer pesquisa on-line. Tudo como um um assistente humano faria.
Um dia antes, a Microsoft havia revelado a chegada ao mercado de sua “fábrica de agentes”. A empresa de Bill Gates vai oferecer, a partir de novembro, uma prateleira de sistemas autônomos a partir da plataforma Copilot Studio. São dez modelos prontos para diferentes necessidades.
“Nossa visão é que milhares desses agentes estarão nas empresas, em processos de negócios diversos. Mas terão de interagir com humanos”, diz Bryan Goode, vice-presidente corporativo de Plataformas e Aplicações Empresariais da Microsoft.
Goode acredita que os agentes devem funcionar como os “novos aplicativos” da era da IA, tão acessíveis como os apps de celular. Também aposta que, no futuro, cada organização contará com uma “constelação” desses assistentes.
Entre as companhias que estão testando agentes da Microsoft está a consultoria McKinsey, para acelerar a integração de novos clientes à consultoria. Os testes indicam que o trabalho administrativo pode ser reduzido em 30%.
Validação humana
No Google, a expansão desses sistemas de IA acontece a partir do Google Cloud, braço de computação em nuvem da companhia. A criação dos agentes é feita por uma plataforma chamada Vertex AI, que também oferece uma prateleira de modelos prontos, além da opção de customização.
Fernanda Jolo, diretora de Engenharia de Clientes de IA para a América Latina do Google Cloud, diz que a criação dos sistemas está mais acessível:
“Antes, empresas que tinham esses agentes precisavam ter um grau de adoção de tecnologia alto, com desenvolvedores especializados. Criar era muito mais complexo. Agora, é possível criar um agente com dados do cliente em menos de dez minutos. A adoção de complexidade e integração de sistemas leva mais tempo. Mesmo assim é muito mais rápido do que já foi.”
Entre os clientes do Google no país que testam seus agentes está a TIM. A empresa, que adota IA tradicional há quase uma década e aderiu à generativa nos últimos anos, testa sistemas autônomos em três áreas: recursos humanos, operação de rede e atendimento.
“Há uma tendência de proliferação desses agentes voltados para áreas específicas”, diz Auana Mattar, diretora de Tecnologia da operadora, que vê ganho de eficiência em testes desses sistemas na integração de novos funcionários e para alertar técnicos sobre reparos que precisam ser feitos, entre outros casos.
Com maior oferta, empresas têm dado aos funcionários acesso a sistemas que automatizam funções. Na Monks, multinacional de publicidade e produtos digitais, profissionais contam com uma ferramenta interna que ajuda a adaptar campanhas com a integração de agentes que analisam dados e alteram peças criativas, por exemplo.
“Para mim, o mais importante não é nem o que essas ferramentas conseguem produzir, mas o que elas podem interpretar”, diz Carlos Pereira Lopes Filho, diretor de Tecnologia da Monks Brasil. “Com análise de dados regionalizados, por exemplo, temos agentes automatizados que criam variações de campanhas. O resultado depois passa pela validação humana.”
No setor de tecnologia, o termo “agente” parece cada vez mais presente depois de “IA generativa” dominar, durante dois anos, as conversas na indústria. Embora conectados, eles diferem: a IA generativa cria conteúdos a partir de comandos, caso do ChatGPT, e os agentes vão além: podem integrar essa tecnologia para atuação simultânea em diferentes ambientes.