Quinta-feira, 15 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 15 de setembro de 2019
Silenciosa, incapacitante e muitas vezes fatal, a osteoporose atinge cerca de 200 milhões de mulheres no mundo todo, aproximadamente um décimo daquelas com 60 anos, um quinto das com 70 anos, dois quintos das com 80 anos e dois terços das com 90 anos. Os dados são da Fundação Internacional da Osteoporose (IOF, na sigla em inglês).
Na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, a entidade indica que a doença afeta cerca de 75 milhões de pessoas, entre homens e mulheres. No Brasil, segundo a Abrasso (Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo), são cerca de 10 milhões.
Pelo documento Consenso: prevenção e tratamento da osteoporose na América Latina – estrutura atual e direções futuras, divulgado no fim do ano passado pela AHF (Americas Health Foundation), 33% das mulheres brasileiras com mais de 50 anos têm a patologia.
Apesar de ser uma enfermidade bastante conhecida, ela é pouco diagnosticada e tratada tardiamente, na maioria dos casos apenas quando o paciente já sofreu alguma fratura, sua principal complicação. Para se ter uma ideia, de acordo com a IOF, anualmente, causa mais de 8,9 milhões de fraturas osteoporóticas, resultando em 1 a cada 3 segundos.
E tudo isso gera um enorme impacto humano, com sequelas físicas e emocionais, e também socioeconômico – um estudo conduzido pela consultoria americana Cornestone Research Group, e apoiado pela biofarmacêutica Amgen, mostra que o custo anual mundial de hospitalização por fraturas causadas pela osteoporose é de R$ 19,8 bilhões; no Brasil, esse valor é de R$ 1,2 bilhão.
A principal preocupação, hoje em dia, é que, com o envelhecimento da população, o número de casos da doença e também os gastos com ela tendem a crescer substancialmente. A IOF estima que o número de fraturas osteoporóticas subirá 32% até 2050 em todo o mundo. Só no Brasil, em 2030, deverão ser registradas 608 mil, aumento de 63% em relação a 2015 (373 mil).
Já a carga econômica global chegará a US$ 132 bilhões (cerca de R$ 536 bilhões) nos próximos 31 anos – na América Latina, em cinco anos, deverá subir para US$ 6,25 bilhões (aproximadamente R$ 25,3 bilhões).
O que é a osteoporose?
Pela definição da AHF, a osteoporose é “uma doença sistêmica do esqueleto, caracterizada por uma baixa massa óssea e a deterioração do tecido ósseo, com consequente aumento da fragilidade dos ossos e suscetibilidade à fratura”.
Distúrbio esquelético extremamente comum, e que afeta populações em todo o planeta, ele não provoca sintomas. Sua implicação mais grave é justamente a fratura, e nem todas geram incômodo.
“Isso pode acontecer com traumas mínimos e até sem traumas, em situações normais do dia a dia, como tossir e espirrar, pelo fato de o osso estar menos resistente”, disse Ben-Hur Albergaria, professor de Epidemiologia Clínica e vice-presidente da Comissão Nacional de Osteoporose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. As principais fraturas decorrentes da doença são de vértebra, antebraço e fêmur, sendo essa última a mais devastadora.
No Brasil, a Abrasso considera que, das 10 milhões de pessoas com a doença, 14% têm fraturas. As mulheres são o maior grupo: pelos dados da IOF, 1 em cada 3 com mais de 50 anos sofrerá uma. No caso dos homens, essa relação é de 1 em cada 5.
Por que a doença acomete mais as mulheres?
Durante a vida, os hormônios estrógeno (feminino) e testosterona (masculino) têm um papel importante para manter os ossos saudáveis, regulando as células responsáveis pela perda e pelo ganho de massa óssea.
Porém, após os 50 anos, o corpo passa a produzi-los em menor quantidade, o que contribui significativamente para o aparecimento da osteoporose. No caso das mulheres, esse processo se dá de forma mais abrupta, na menopausa, por isso elas são as mais afetadas.
“O homem ainda tem uma vantagem, a geometria dos seus ossos. Eles são maiores e mais fortes”, explicou o reumatologista Charlles Heldan de Moura Castro, presidente da Abrasso.
Mas isso não quer dizer que eles estão livres da patologia. Muitos também a têm, especialmente após os 70 anos. “Eles, por demorarem mais para procurar o médico, têm um diagnóstico tardio, feito, normalmente, depois do aparecimento de alguma fratura”, acrescentou o especialista.