Terça-feira, 13 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 9 de dezembro de 2021
A pedido do deputado estadual Valdeci Oliveira (PT), a coordenadora do Grupo de Apoio à Prevenção da Aids (Gapa), Carla Almeida, apresentou à Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa uma série de dados sobre o cenário gaúcho da doença na atualidade. Segundo ela, a situação é preocupante no Rio Grande do Sul.
“Sofremos neste momento um apagamento social e político da epidemia de Aids”, alertou. É um cenário epidemiológico singular o que vivemos aqui no Rio Grande do Sul, diferentemente do contexto de outros Estados.”
Carla mencionou indicadores de que a doença está generalizada e necessita de ações do Estado e municípios diante da urgência e gravidade do quadro, já impactado pela pandemia e pela subnotificação dos casos.
Estudos realizados por entidades sociais com a chancela da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) mostram que houve uma redução de 35% no número de diagnósticos, assim como na assistência médica às pessoas soropositivas, incluindo consultas e exames de rotina.
Conforme a dirigente do Gapa, a incidência da Aids em gestantes na capital gaúcha chega a ser seis vezes maior que a média nacional e o coeficiente de mortalidade alcançar o mesmo patamar:
“O Rio Grande do Sul é o Estado com maior incidência de casos e óbitos pela doença. Apesar dos dados serem preocupantes, sabemos que eles estão abrandados pela pandemia. Porto Alegre e a Região Metropolitana apresentam realidades caóticas, até por serem regiões de grande concentração populacional”.
Assistência à população
Uma vez que os tratamentos atuais são muito efetivos, os indicadores são importantes para se avaliar o tipo de atendimento e acompanhamento que está sendo disponibilizado à população, pois refletem os sérios problemas na área de assistência aos doentes com o vírus HIV.
“Há pelo menos uma década eu acompanho os relatórios oficiais junto aos Conselhos de Saúde, tanto municipais quanto o estadual”, frisou. “São problemas que ficam bem visíveis quando se analisa os investimentos em saúde pública feitos pelo Éstado, que não aplica os 12% obrigatórios há muito tempo. Atualmente está em 7%”.
Ela afirmou que o Executivo estadual não tem investimento específico para o enfrentamento da epidemia de aids: “O que tem de repasse vem do governo federal. É uma situação bastante grave e que exige uma intervenção robusta por parte do Estado. As que temos hoje são fragmentadas e desarticuladas”.
Cobrança
Em uma recente audiência pública realizada sobre o tema da Aids na Assembleia Legislativa, já havia sido feita a cobrança de que o governo estadual apresente à Assembleia Legislativa informações se há ou não um plano de enfrentamento para a epidemia de HIV/Aids e quais os investimentos alocados ou previstos para isso.
Das 20 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes e com contextos epidemiológicos mais complexos, 7 são gaúchas. “Pelo menos na última década, o Rio Grande do Sul vem se mantendo nos primeiros lugares tanto na incidência de casos quanto na mortalidade, o que evidencia a falta de prioridade do HIV/Aids dentro da agenda da saúde pública”, frisou Carla, acrescentando que:
“Com todo esse cenário, o Estado não realizou nenhuma grande ação no dia 1º de dezembro, que marcou o Dia Mundial de Combate à Aids, para trazer o tema para o debate público” criticou, cobrando a realização de campanhas de prevenção e o engajamento permanente do Parlamento gaúcho com a temática.
(Marcello Campos)
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