Quarta-feira, 05 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de junho de 2018
Líderes europeus estão reunidos em Bruxelas (Bélgica) desde essa quinta-feira para uma cúpula que tem como principal assunto a imigração ilegal no continente. O encontro, que termina nesta sexta-feira, foi convocado em um momento no qual cresce o atrito entre os países-membros sobre como lidar com a chegada de refugiados aos seus portos.
A Itália, em especial, tem reivindicado uma revisão da política migratória europeia. O país já recebeu 650 mil migrantes desde 2014 e é um dos principais pontos de entrada para os refugiados que cruzam o mar Mediterrâneo, vindos de países como a Líbia, no Norte da África.
O governo populista italiano, liderado pela Liga e pelo chamado “Movimento 5 Estrelas”, pede que a União Europeia reveja o consenso que hoje permite a devolução de migrantes aos países por onde chegaram – algo que a Itália acredita ser injusto, pois afirma ser prejudicada por ser uma das principais portas de entrada dos refugiados.
A Espanha, por sua vez, com seu recém-inaugurado governo socialista, tem pedido mais solidariedade ao bloco. Em entrevista ao jornal britânico “The Guardian”, o premiê Pedro Sánchez criticou a postura italiana: “O governo italiano tem de repensar se o unilateralismo é uma resposta efetiva a um desafio global como a migração”.
Recentemente, as autoridades de Madri se ofereceram para receber um navio de refugiados que a Itália recusou.
Alemanha
Já a chanceler alemã, Angela Merkel, ofereceu uma mensagem semelhante a seu Parlamento nacional antes de viajar a Bruxelas, criticando também o unilateralismo. Ela disse que o futuro da Europa depende de sua capacidade de lidar com a atual crise migratória.
Caso os líderes europeus fracassem, afirmou a chanceler conservadora, correm o risco de que “ninguém acredite no sistema de valores que nos fez tão fortes”.
A posição da Alemanha é bastante frágil, porém. Merkel governa em uma coalizão, e seu parceiro CSU (União Cristã-Social) tem exigido medidas mais duras, como recusar a entrada de migrantes na fronteira alemã – algo que contraria o princípio de livre circulação no bloco.
Caso a chanceler não volte de Bruxelas com uma solução crível, em parceria com os demais países europeus, sua coalizão pode ruir – daí se origina parte da tensão em torno desta cúpula.
A crise migratória teve o seu ápice em 2015, quando a Alemanha recebeu, sozinha, quase 1 milhão de pessoas, a partir de uma política que posteriormente prejudicaria a chanceler Merkel nas urnas.
O fluxo de refugiados, no entanto, tem arrefecido: o número de pedidos de asilo no bloco caiu 44% entre 2016 e 2017, segundo o Easo (Escritório Europeu de Apoio ao Asilo). No ano passado, 728 mil pedidos foram feitos.
Apesar da redução em seu número, os migrantes se tornaram um dos temas eleitorais mais urgentes na União Europeia. Essa crise fomentou o crescimento da sigla nacionalista Alternativa para a Alemanha, por exemplo, e deu um governo populista para a Itália. França e Áustria também viram a migração chegar até as suas urnas.
Além da migração, os líderes europeus também devem discutir em Bruxelas temas como o orçamento de defesa e a retirada britânica do bloco, conhecida como “Brexit”.