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Música “Somos muito bem tratados na Argentina, talvez mais até que no Brasil”, diz Bi Ribeiro, dos Paralamas do Sucesso

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João Barone, Herbert Vianna e Bi Ribeiro. (Foto: Reprodução)

São raros os artistas que quebram a barreira cultural entre o Brasil e os outros países da América Latina. Na música, o idioma explica parcialmente o desencontro, e quem se lança ao exterior precisa dominar o castelhano.

Os Paralamas do Sucesso estão na prateleira dos poucos que chegaram lá. Ícone da geração dos anos 80 do rock brasileiro, a banda soube conquistar fãs pelo continente, especialmente na Argentina. A forte relação com o país ganhou novo capítulo em setembro, com shows lotados em Posadas e Buenos Aires após um hiato de oito anos.

Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone trouxeram a turnê “Paralamas Clássicos 40 anos” – o disco de estreia, “Cinema Mudo”, foi lançado em 1983, mas a pandemia atrasou o cronograma. A celebração começou em maio para um público de 50 mil pessoas no Allianz Parque, em São Paulo, e seguirá nos próximos meses no Brasil. No próximo dia 24, por exemplo, a banda faz show no Espaço Unimed, em São Paulo.

Os Paralamas tocaram em Buenos Aires sucessos como “Alagados”, “Dos Margaritas” e “Uma Brasileira”, ora em português, ora em espanhol. Os portenhos reagiram como se a banda fosse coisa deles – eles brincam que os Paralamas são a melhor banda brasileira de rock argentino. Não há rivalidade como no futebol: aqui eles jogam em casa.

A relação com os argentinos começou em 1986, quando os Paralamas foram convidados para o festival Chateau Rock, em Córdoba, após a boa repercussão do Rock in Rio no ano anterior. “Vital e Sua Moto”, “Óculos”, “Assaltaram a Gramática” e “Meu Erro” haviam estourado nas rádios. Os músicos brasileiros enxergaram uma oportunidade de ampliar suas fronteiras.

Vianna e Ribeiro vinham de um ambiente vanguardista em Brasília, que possibilitava trocas de discos e revistas de música com amigos filhos de diplomatas – o pai de Ribeiro fez carreira no Itamaraty. Era assim que os dois amigos recebiam as novidades do exterior em primeira mão, o que contribuiu para sua formação musical. A banda se completaria com a entrada do baterista João Barone no Rio, no lugar de Vital Dias, e o rock argentino logo entrou no radar.

“Não tínhamos ideia do que estava acontecendo na Argentina”, diz Ribeiro ao jornal Valor Econômico, no saguão de um hotel com vista para o Obelisco. “Ficamos impressionados com o talento, as músicas e até o equipamento. Deu vontade de fazer parte daquela cena tão rica.”

Na Argentina, as primeiras bandas surgiram no fim dos anos 60, com destaque para a Almendra, liderada por Luis Alberto Spinetta. Charly García, hoje o nome mais lendário do rock local, começou a ganhar os holofotes na mesma época, ainda sem o bigode bicolor, compondo e tocando o piano na Sui Generis.

Quando os Paralamas viajaram à Argentina, mais de 15 anos após a fundação do rock no país, Fito Páez tentava carreira solo após passagens destacadas como músico de apoio de Juan Carlos Baglietto e um já famoso Charly García. Segundo Ribeiro, “o Herbert ficou louco com o Charly e o Fito”.

O festival acabou sendo um divisor de águas para os Paralamas, que naquela mesma viagem se apresentaram também no Le Paradis, uma pequena boate em Buenos Aires. Veio então a decisão de tentar a sorte com um público diferente em um momento em que a economia brasileira, golpeada pela inflação galopante pré-Plano Real, desencorajava o consumo de itens supérfluos como discos.

“No aperto, foram nossos hermanos argentinos que bancaram as contas naquele momento”, segundo o site oficial da banda. “Estávamos ‘grandes’ no Brasil, mas aqui viemos por baixo, tocando em festivais e boates, como se fôssemos uma banda nova daqui”, diz Ribeiro.

Surgiu assim a ideia de lançar um disco em espanhol “neutro” para atingir um público maior. Com o tempo, a banda percebeu que as versões poderiam melhorar. Vianna também buscou aproximar o espanhol do que escutava na Argentina. Em algumas gravações, o vocalista pronuncia o “Y” e o duplo “L” com o som semelhante ao “X” do português, como na região do Rio da Prata.

“Com o tempo, a gente foi fazendo (um som) mais ‘argentinizado’ por nossa intimidade com a turma daqui. As músicas começaram a ser traduzidas por nós mesmos ou por amigos. O Paez traduziu ‘Lanterna dos Afogados’, por exemplo”. O clássico, batizado “Linterna de los Afiebrados” em castelhano, foi um dos pontos altos do show em Buenos Aires – e a guitarra de Vianna escutada ao vivo continua de arrepiar.

Os intercâmbios com García e Paez nunca cessaram. Os Paralamas gravaram “Hablando a Tu Corazón” do primeiro e “Trac Trac” do segundo; García lançou uma versão de “Quase um Segundo” e inspirou “El Vampiro Bajo el Sol”, letra de Vianna musicada por Paez e gravada com guitarras de Brian May (do Queen); e Paez fez versões de outras canções para os Paralamas com sotaque local.

Outras bandas argentinas fizeram parte dessa fase de intensa diplomacia musical. Os Paralamas versionaram “De Música Ligera”, do Soda Stereo, e Vianna produziu um dos primeiros discos do grupo Los Pericos. Outra banda aliada era a Sumo.

“Abrimos para eles em 1987, e o Luca [Prodan, líder da banda] morreu logo depois. No ano seguinte, abrimos para a Tina Turner no Monumental (estádio do River Plate, em Buenos Aires) e tocamos uma canção deles, ‘Heroína’, em homenagem ao Luca. Conquistamos o público do Sumo assim.”

Das parcerias nasceu a amizade. No show de setembro em Buenos Aires, Charly García foi de surpresa ao complexo C Art Media para prestigiar os amigos brasileiros apesar da mobilidade reduzida devido a um acidente doméstico. “Você sabe o tamanho dele, né? Foi incrível ele ter ido e ficado até o fim”, diz Ribeiro.

Se depender do baixista, os Paralamas voltarão no ano que vem. “Somos muito bem tratados na Argentina, talvez mais até que no Brasil. Aqui nos sentimos abraçados.” As informações são do jornal Valor Econômico.

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