Quinta-feira, 23 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de junho de 2020
Investigado por movimentações suspeitas, com a revelação recente do Ministério Público do Rio (MP-RJ) de pagamentos em espécie de contas de sua família pelo ex-assessor Fabrício Queiroz, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) divulgou nota neste sábado dizendo ser “vítima de um grupo político que tem patrocinado uma verdadeira campanha de difamação”. Ele, porém, não cita nomes no comunicado divulgado.
O pedido de prisão preventiva de Fabrício Queiroz, que era assessor de Flávio quando ele exercia o cargo de deputado estadual no Rio de Janeiro, aponta que o ex-auxiliar pode ter sido o responsável por até R$ 286,6 mil em pagamentos e transferências em espécie para cobrir despesas do então deputado estadual e de sua mulher, Fernanda Antunes.
“Essas pessoas têm apenas um objetivo: recuperar o poder que perderam na última eleição”, diz a nota do senador. No texto, Flávio reafirma sua inocência e “garante que seu patrimônio é totalmente compatível com os seus rendimentos”. Ainda segundo ele, “a verdade prevalecerá”, diz.
Os valores dos repasses feitos, segundo o MP, referem-se a pagamentos de mensalidades escolares e do plano de saúde da família de Flávio, entre janeiro de 2013 e dezembro de 2018. O MP do Rio identificou também que a esposa de Flávio recebeu ao menos um depósito em espécie de Queiroz, em agosto de 2011, no valor de R$ 25 mil. O ex-assessor precisou se identificar como autor do depósito por conta do valor elevado.
Queiroz e Flávio são investigados por uma suposta prática de “rachadinha” – isto é, a devolução de parte ou totalidade dos salários de funcionários pagos com dinheiro público, no antigo gabinete do então deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Entenda as suspeitas
O Ministério Público do Rio (MP-RJ) investiga suspeitas de “rachadinha” (apropriação de parte do salário de funcionários) no antigo gabinete do agora senador na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) .
1) Pagamentos de despesas em dinheiro vivo: O MP-RJ apontou indícios de que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, pode ter sido o responsável por até R$ 286,6 mil em pagamentos e transferências em espécie para cobrir despesas do então deputado estadual e de sua mulher, Fernanda Antunes.
2) Depósitos fracionados: Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) encontrou 48 depósitos em espécie na conta de Flávio entre junho e julho de 2017, que somam cerca de R$ 96 mil, concentrados no terminal de autoatendimento da Alerj. Foram identificados depósitos em valores idênticos na conta do parlamentar em intervalo de poucos minutos.
3) Evolução patrimonial: O Ministério Público Federal (MPF) apura se Flávio lavou dinheiro por meio de transações imobiliárias. Ele adquiriu 19 imóveis desde 2003, quando assumiu o primeiro mandato. Uma das transações investigadas é a compra de dois apartamentos em Copacabana por intermédio do americano Glenn Dillard, que atuava como representante dos proprietários. O preço de venda causou, segundo o MP, prejuízos de cerca de 30% aos donos dos apartamentos
4) Divergência no faturamento de loja: O MP-RJ afirma que os recursos investidos por Flávio e sua mulher na compra e abertura de uma loja de chocolates “não seriam compatíveis com a renda” do casal no período. E, de acordo com o MP-RJ, a loja apresentou uma diferença de R$ 1,63 milhão entre o faturamento auditado pela administração do shopping onde está localizada e o valor efetivamente recebido em suas contas bancárias entre 2015 e 2018.