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Saúde “Sozinho, o estresse não adoenta o coração”

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Para Pano Vargas, a tecnologia terá papel decisivo para os cuidados com o coração no futuro. (Crédito: Reprodução)

“Tenho 65 anos e sou ex-presidente da Sociedade Europeia de Cardiologia. Atualmente, chefio o Departamento de Cardiologia da Universidade de Creta, na Grécia. Meu objetivo é combater problemas cardíacos que são as principais causas de mortes em diversos países”, diz Pano Vargas, médico grego, especialista em arritmia cardíaca que esteve recentemente no Brasil para um congresso de cardiologia.

 

Conte algo que não sei.

Pano Vargas – A chamada fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca, já pode ser considerada uma epidemia mundial. Isso porque, em diversos países, a população mais velha está crescendo, e a incidência de problemas cardíacos nos indivíduos acima de 80 anos já é de 25 casos a cada cem pessoas. Esperamos ver triplicar os casos de fibrilação atrial neste ano.

Como enfrentar essa epidemia mundial?

Vargas – Apesar dessa questão ser desafiadora, nós cardiologistas costumamos dizer que as doenças do coração são “honestas’’, se comparadas, por exemplo, com cânceres. Isso porque, na maioria dos casos, elas podem ser prevenidas, desde que a pessoa não tenha diabetes ou colesterol alto. Basta ter hábitos saudáveis e ter acompanhamento médico.

Quais são os vilões do coração hoje em dia?

Vargas – O ritmo de vida moderno não é bom para o sistema cardiovascular, que gosta de exercícios e dietas que não são baseadas em gorduras. Paralelo a isso, costumo dizer que se o número de fumantes fosse diminuído em 90%, a maioria dos cardiologistas perderia o emprego, já que o cigarro está intimamente ligado a doenças das artérias coronárias, além da hipertensão arterial.

E qual é o impacto de alguns fatores como estresse e ansiedade?

Vargas – Sozinhos, sem qualquer fator de risco, estresse e ansiedade não são suficientes para adoentar o coração, ainda que não sejam bons para ele.

Como manter hábitos saudáveis em meio ao ritmo de vida moderno?

Vargas – A tecnologia moderna e a chamada saúde conectada podem ser grandes aliadas do sistema cardiovascular. É uma área com a qual tenho trabalhado muito nos últimos anos e que tem mostrado bastante evolução.

De que forma elas podem ser úteis à saúde do coração?

Vargas – Atualmente, com alguns aplicativos e acessórios, smartphones podem ser excelentes monitores cardíacos. Por exemplo, um sensor atrás do meu celular o transforma em um monitor de eletrocardiograma em tempo real. E essas informações podem facilmente ser enviadas ao meu médico por e-mail, mesmo que eu não esteja fisicamente em uma sala com ele. Isso não era possível há alguns anos.

 

Essa tecnologia terá papel decisivo para os cuidados com o coração no futuro?

Vargas – Sim. Smartphones e aplicativos podem nos dar um novo entendimento sobre nossos hábitos, o que pode ser bom para pacientes e médicos. Outro exemplo: graças ao meu celular, sei que dei 9.108 passos em um dia, o que é bom, já que menos de 5 mil passos por dia não é saudável. Por isso, a medicina cardiovascular será uma das principais beneficiadas desse fenômeno tecnológico.

Como a cardiologia tem evoluído nos últimos anos?

Vargas – No passado, ela tinha como principal foco as doenças reumáticas do coração, e que, hoje, quase não existem nos países desenvolvidos. Já nos últimos anos, ela se voltou para as doenças das artérias coronárias, cuja incidência aumentou no mundo à medida que as pessoas passaram a desfrutar de comidas gordurosas e cigarros.

E como será o seu futuro?

Vargas – Acredito que a cardiologia terá um foco cada vez maior nas doenças degenerativas, pois já está bastante claro como as pessoas podem evitar as doenças coronarianas. E como a população de diversos países está ficando mais velha, e o número de jovens diminuindo, as doenças degenerativas devem se multiplicar. E temos que estar prontos para tratar disso. (Thiago Jansen/AG)

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https://www.osul.com.br/sozinho-o-estresse-nao-adoenta-o-coracao/ “Sozinho, o estresse não adoenta o coração” 2015-05-23
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