Segunda-feira, 13 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 17 de julho de 2021
Promoções e aposta em marcas de entrada são armas contra retração de 10% nas vendas de janeiro a maio.
Foto: EBCDepois do boom de vendas registrado pelos supermercados em 2020, este ano o setor enfrenta um ambiente de negócios diferente. Inflação e desemprego em alta, redução do auxílio emergencial e reabertura gradual de outros negócios, como restaurantes, provocaram forte queda nas vendas. Para tentar virar o jogo vale tudo. Dos tradicionais descontos na loja física, vantagens nas compras por aplicativos, marcas mais baratas até a tentativa de transformar o supermercado num ponto turístico.
De janeiro a maio, o tombo nas vendas foi 10,25% nos supermercados do Estado de São Paulo, em relação a igual período de 2020, aponta a Associação Paulista de Supermercados (Apas). No resultado são consideradas as mesmas lojas e descontadas a inflação e influências sazonais.
O retrato mais fiel desse tombo aparece na boca do caixa. “Tem crescido o abandono de carrinhos nos supermercados na hora de pagar”, afirma o economista da Apas, Rodrigo Mariano. Isso mostra que a intenção de compra não cabe mais no orçamento das famílias.
Em 12 meses até junho, a inflação oficial do País, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumula alta de 8,35%. Pressionada pelos alimentos, a inflação dos produtos vendidos em supermercados é quase o dobro (15%).
O Grupo Carrefour, líder em vendas do setor, relançou o seu aplicativo no fim do ano passado – e conseguiu manter as vendas estáveis. “Antigamente o aplicativo era uma plataforma de descontos. O que fazemos hoje é juntar descontos com recompensas, que é uma maneira de reter os clientes”, diz o diretor de marketing, Daniel Milagres.
Outra iniciativa da varejista é a sinalização dos produtos mais baratos por categoria dentro da loja. A marca própria da rede tem sido outro grande destaque. “A sua participação no mix teve uma ampliação significativa”, diz o executivo.
“O supermercado foi um dos varejos mais aquinhoados pela pandemia, e nenhum empresário sério do setor teria a ilusão de que as vendas continuariam no mesmo patamar após a reabertura da economia”, afirma o sócio da consultoria Mixxer, Eugênio Foganholo.
Segundo ele, para reduzir a queda nas vendas, as lojas devem adequar a oferta ao bolso do consumidor, hoje mais pobre por causa da alta da inflação. Mas lembra que novas oportunidades estão se abrindo para os supermercados, como a venda de pratos prontos. “A competição daqui para frente vai ser boa e quem ganha é o consumidor.”