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Geral Suposto espião russo preso no Brasil recebeu depósitos suspeitos, negociou criptomoedas e comprou imóvel

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O russo Sergey Cherkasov (em destaque), que se passava pelo brasileiro Victor Müller Ferreira. (Foto: Reprodução)

Um suposto espião russo preso no Brasil recebeu depósitos suspeitos, negociou criptomoedas e comprou um imóvel no País. Segundo as investigações, o homem que se passava por Victor Müller Ferreira possuía uma rede de apoio no Brasil.

Antes de ser detido, o “estudante Victor Müller Ferreira” nutria o sonho de conseguir um emprego na Europa. “Nascido” no Rio de Janeiro, viveu com a tia-avó na Argentina dos 2 aos 21 anos, quando pegou um ônibus de volta ao Brasil. Ao chegar a sua cidade natal, começou a trabalhar em uma agência de turismo e câmbio. Até que decidiu fazer um curso na Irlanda e, algum tempo depois, uma pós-graduação na Universidade Johns Hopkins, em Washington (EUA). Essas experiências abriram as portas de um estágio no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, para atuar em casos de crimes de guerra.

Ao chegar a Amsterdã para iniciar o trabalho, foi impedido de passar pela imigração. Teve que voltar ao aeroporto de Guarulhos (SP), onde foi preso em 2 de abril de 2022 por uso de documentos falsos. Descobriu-se, então, que a história de Victor Müller Ferreira era uma obra de ficção para acobertar sua verdadeira identidade: Sergey Vladimirovich Cherkasov, apontado como espião russo pelas autoridades brasileiras e internacionais.

Ao ser detido pela Polícia Federal, Cherkasov teve de entregar o celular, pen-drives, HD e chips de memória. Esse material, analisado pelos investigadores, revelou indícios de que o suposto espião da GRU, inteligência militar russa, “possuía uma rede de apoio no Brasil”, que “depositava valores mensais em sua conta de forma fracionada e em espécie, visando à sua não identificação”.

Uma prova disso, de acordo com as autoridades, são e-mails trocados entre Cherkasov e uma pessoa que trabalhava no Consulado Geral da Rússia. “Parece que seu pai está preocupado por não receber notícias suas. Mande notícias para ele. O cônsul russo solicitou isso a mim. Semana que vem devo fazer uma nova transferência”, escreveu o interlocutor para o estudante. Uma semana depois, Cherkasov recebeu € 750 (R$ 2,7 mil) em uma conta bancária na Irlanda, onde conseguiu emitir um passaporte brasileiro utilizando identidade falsa.

Outras transações do suposto espião, que entrou no Brasil pela primeira vez em 2010, também chamaram a atenção dos investigadores. Em depoimento a agentes do FBI, a polícia federal americana, Cherkasov contou que pagou um curso na Irlanda com “lucro auferido com a compra e venda de bitcoins” e que, sem visto de trabalho, usou suas economias para fazer uma pós-graduação nos Estados Unidos – que custou entre US$ 80 mil e US$ 100 mil. Segundo a apuração do caso, enquanto estava no exterior, o russo recebeu depósitos em espécie em uma agência bancária no Rio de Janeiro, comprou automóveis e movimentou “altos valores” em corretoras de criptomoedas.

Essas operações financeiras envolvendo Cherkasov ocorreram tanto no exterior como no Brasil, onde ele comprou por R$ 190 mil um imóvel em Cotia (SP) um mês antes de tentar se mudar para a Holanda. Com os recursos que recebia, o russo conseguiu subornar uma funcionária de um cartório, segundo ele próprio registrou em um relatório encontrado no material apreendido pela PF. Ao presentear uma escrevente com um colar de joias de US$ 400 (R$ 2,2 mil), o suposto infiltrado conseguiu autenticar documentos, anular multas eleitorais e concretizar a compra de um apartamento para ter um endereço fixo. “Acredito que [essa pessoa] possa ser usada para fins de nosso trabalho, relacionado à documentação”, escreveu ele a um interlocutor.

Tão logo foi preso, Cherkasov foi levado à carceragem da PF em São Paulo. Lá, recebeu a visita de um representante do consulado russo. Pouco tempo depois, assumiu perante os tribunais sua verdadeira identidade e foi assessorado por advogados que solicitaram à Justiça que ficasse preso no próprio Consulado Geral da Rússia. A defesa alegou que ele corria risco de vida e que havia uma suspeita de tentativa de envenená-lo. No início deste ano, ele foi transferido para um presídio de segurança máxima em Brasília. O Consulado Geral da Rússia em São Paulo e a Embaixada da Rússia não comentaram.

Ao longo de 2022, a prisão de Cherkasov foi tratada pelo governo Bolsonaro e pela PF com discrição máxima para evitar qualquer conflito com a Rússia, considerada uma fornecedora estratégica de fertilizantes para o setor agrícola. Agora, se o processo de extradição for adiante, caberá ao presidente Lula decidir sobre o futuro do suposto espião e se desagradará ao Kremlin ou à Casa Branca. As informações são do jornal O Globo.

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