Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 28 de março de 2016
Uma equipe internacional de astrônomos usou as capacidades únicas do telescópio espacial Hubble para revelar uma numerosa população de estrelas “monstro” na Grande Nuvem de Magalhães, galáxia satélite da Via Láctea. Reunidos no aglomerado estelar designado R136, no interior da Nebulosa da Tarântula, a cerca de 170 mil anos-luz da Terra, alguns desses astros gigantes ultrapassam cem vezes a massa do Sol, e a descoberta de tantos de uma só vez aprofunda o mistério sobre os processos que levam à sua formação.
Para detectar as estrelas gigantes, os astrônomos combinaram observações com a câmera de campo amplo do Hubble com dados sobre emissões em ultravioleta do espectrômetro do telescópio espacial, dissecando pela primeira vez o jovem aglomerado estelar neste comprimento de onda. Além de permitir a identificação das estrelas no R136, as observações em ultravioleta permitiram aos astrônomos investigar as emissões de material dessas gigantes, que podem ser mais facilmente estudadas nesta faixa do espectro.
Pelos cálculos dos cientistas, cada uma deles expele aproximadamente o equivalente à massa de um planeta como a Terra por mês a velocidades que chegam a 1% a da luz, o que faz com que percam “peso” rapidamente ao longo de suas breves vidas. Isso porque quanto maior a estrela, mais rápido ela queima seu combustível nuclear, brilhando durante apenas alguns poucos milhões de anos antes de se desintegrarem em poderosas explosões conhecidas como supernovas. A título de comparação, o Sol, com seus 4,6 bilhões de anos de idade, brilhará por pelo menos mais 5 bilhões de anos antes de esgotar seu combustível nuclear.
Existem sugestões de que esses monstros resultam da fusão de estrelas menos extremas em sistemas binários apertados mas, pelo que sabemos da frequência dessas fusões, esse cenário não daria conta para responder por todas as estrelas maciças que vemos no R136. Diante da persistente dúvida, os astrônomos pretendem continuar a analisar os dados do Hubble sobre o R136 em busca de alguma explicação para as possíveis origens destas estrelas “monstro”. (AG)