Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 2 de julho de 2017
O governo de Michel Temer namora a ideia de anestesiar o fim desse imposto, baixando uma medida provisória que adie sua extinção. Negocia escondido com as centrais sindicais. Seriam uns 30 votos, afirma o jornalista Elio Gaspari no jornal Folha de S. Paulo.
Nessa manobra, a bancada do PSDB ficaria escalada para um “triste papel”. Os tucanos defendem a reforma trabalhista em nome da modernidade e dos diplomas universitários de seus mestres-banqueiros.
Primeiro, eles defenderam limitações na farra das isenções tributárias para entidades que se dizem filantrópicas. “Saíram de fininho. Chegaram a flertar com a ideia de mexer na caixa preta do Sistema S, cuja mordida custa algo como cinco impostos sindicais. Medraram, porque ali mora o sindicalismo patronal. Querem levar o Brasil para o século 21 sem tirar o pé do cofre da primeira metade do 20”, diz o jornalista.
Denúncia oferecida contra Temer e Loures menciona outros 14 políticos
Além do presidente Michel Temer e de seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, acusados de corrupção passiva, a denúncia apresentada pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, menciona outros 14 políticos.
A maioria das menções ocorre em trecho sobre suposta antiga relação entre Temer e a J&F, que controla a JBS.
As menções não representam uma acusação formal contra esses 14 políticos. Os indícios devem ser investigados em outros processos.
Apenas Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara preso no Paraná, é investigado no inquérito por suspeita de ter recebido dinheiro da JBS para ficar em silêncio, em operação supostamente avalizada por Temer.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima e o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) são apontados como antigos interlocutores da JBS junto ao governo Temer, antes de Loures.
Ex-assessor e amigo de Temer, José Yunes é citado por supostamente ter intermediado repasses ilícitos, conforme interpretação de diálogo entre Loures e o executivo da J&F Ricardo Saud.
Joesley Batista, dono da JBS, afirma ainda que Temer pediu que a J&F contratasse o escritório de advocacia de Yunes para um negócio que lhe renderia R$ 50 milhões.
Outro nome mencionado é o do ex-ministro petista Guido Mantega. Conforme Saud, Mantega pediu que a JBS fizesse repasses não declarados a senadores do PMDB em 2014, em troca do apoio ao PT. “Esses pagamentos foram retirados da conta-corrente da propina para o PT decorrente dos negócios conseguidos com o BNDES por intervenção de Guido Mantega”, escreveu Janot na denúncia.
Os senadores supostamente beneficiados foram Eduardo Braga, Eunício Oliveira, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Kátia Abreu e Vital do Rêgo, hoje ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).
Paulo Skaff, presidente da Fiesp, e Gabriel Chalita apareceram na denúncia por, supostamente, terem levado doações via caixa dois em campanhas. Segundo Joesley, a JBS deu R$ 2 milhões para Skaff e R$ 3 milhões para Chalita a pedido de Temer.
Por fim, o ex-ministro Wagner Rossi é mencionado por suspeitas de ter recebido da empresa mesada de cerca de R$ 100 mil quando deixou a pasta da Agricultura, em 2011, a pedido de Temer.
Outro lado
Padilha não se manifestou. O advogado de Geddel, Gamil Föppel, disse que todos os contatos com empresários “deram-se de maneira institucional, tratando de assuntos estritamente oficiais”.
O defensor de Yunes, José Luis de Oliveira Lima, disse que ele “jamais intermediou repasses a qualquer pessoa”, tem mais de 50 anos de advocacia e jamais precisou de ajuda para atuar em processos.
Renan disse que a delação é “totalmente mentirosa”. Vital do Rêgo repudiou as acusações. Eunício disse que em 2013 a JBS não doou para o PMDB e que as doações de 2014 foram declaradas.
A reportagem não localizou Wagner Rossi, Eduardo Braga, Jader Barbalho, Kátia Abreu nem o advogado de Mantega. Skaff disse que não recebeu “nem um tostão” da JBS. Chalita afirmou que os recursos para sua campanha foram arrecadados pelo PMDB. (Folhapress)