Domingo, 28 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 19 de dezembro de 2019
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu nesta quinta-feira (19) a criação de gado em terras indígenas para reduzir o preço da carne no país. Ele afirmou que pretende incluir a regulamentação da agricultura e pecuária comerciais em terras indígenas na proposta de liberação da atividade de mineração. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
A ideia inicial era que a proposta fosse enviada ao Poder Legislativo em setembro, mas acabou sendo adiada para o próximo ano.
“O preço da carne subiu. Nós temos de criar mais bois aqui, para diminuir o preço da carne e eles podem criar boi”, disse o presidente na entrada do Palácio do Alvorada.
Em novembro, a inflação oficial teve um aumento de 0,51%, puxada pela alta da carne. O produto sofreu uma disparada com o aumento das exportações para a China.
O avanço das áreas de pecuária e de agricultura no Centro-Oeste e no Norte contribuem com o desmatamento na floresta amazônica.
Na entrada da residência oficial, o presidente cumprimentou dois indígenas e defendeu que eles tenham o direito de arrendar as suas terras para a agricultura, o que hoje não é permitido.
“O índio vai poder fazer em sua terra o que o fazendeiro faz na dele”, disse. “Se quer pegar a sua terra e arrendar para alguém plantar soja ou milho, faça isso, respeitando a legislação nossa”, acrescentou.
Em tese, a legislação permite ao indígena usufruir da terra para a sua sobrevivência. Há casos em todo o país de índios que plantam produtos agropecuários e comercializam para gerar renda.
Nos primeiros nove meses da atual gestão, o número de invasões a terras indígenas no país explodiu, segundo dados preliminares divulgados pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Em todo o ano passado, foram registrados 111 casos do tipo em 76 terras indígenas. Somente de janeiro a setembro deste ano, o número pulou para 160 invasões em 153 terras indígenas.
Impacto incerto
A alta da carne foi antecipada na inflação de novembro, o que reduz um eventual efeito sobre o índice de preços em 2020, embora o impacto ainda seja incerto, avaliou nesta quinta-feira (19) o diretor de Política Econômica do BC (Banco Central), Fabio Kanczuk.
As declarações foram feitas durante a apresentação do relatório trimestral de inflação. Pelas projeções do BC, o índice oficial de preços termina este ano em 4%. Para 2020, a estimativa é menor, de 3,7% —a meta estipulada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) é de 4%.
A reavaliação ocorreu após o IPCA avançar 0,51% em novembro, puxado pela disparada no preço da carne, influenciado pelo aumento das exportações para a China.
Foi o maior resultado para novembro desde 2015, quando ficou em 1,01%. No acumulado de 12 meses, o IPCA acelerou de 2,54% em outubro para 3,27%. No acumulado do ano, ficou em 3,12%.
“Ele [o preço da carne] subiu forte e começou a cair. Isso vai se refletir na carne que está no IPCA. A hipótese inicial de trabalho é que uma parte considerável disso ia acontecer em 2020 só. Começou a aparecer antes do que se esperava, já na inflação de novembro. Um pouco mais rápido do que se tinha em mente”, reconhece Kanczuk.
“Isso puxa a inflação de 2020 para 2019. E diminui o efeito que se tinha sobre 2020”.