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Cinema Tempos turbulentos embalam a nova era de ouro dos musicais no cinema

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Longas como “La La Land: Cantando Estações”, de 2016, vêm abalando as bilheterias. (Foto: Reprodução)

Quando foi lançado em 2001, “Moulin Rouge: Amor em Vermelho” cravou a volta dos musicais como as grandes produções de antigamente. Não faltava glamour, encantamento, grandes orquestras e brilho, muito brilho no filme de Baz Luhrmann.

Mas há quem credite a volta triunfal dos musicais ao cinema a “Chicago”, do ano seguinte. Seja o pioneiro qual for, a verdade é que o século 21 começou dando grande impulso ao gênero, que desde então tem atraído grandes estúdios.

Longas como “Mamma Mia!”, de 2008, “Les Misérables”, de 2012, e “La La Land: Cantando Estações”, de 2016, vêm abalando as bilheterias, atraindo nomes do alto escalão de Hollywood e gerando burburinho em prêmios.

Esses sucessos abriram caminho para que o gênero vivesse uma nova era de ouro. Atualmente, a revista Playbill lista 33 adaptações dos palcos para as telas em desenvolvimento nos Estados Unidos ou no Reino Unido. Entre os próximos lançamentos estão “Cats”, de Tom Hooper, e “West Side Story”, de Steven Spielberg.

Com narrativas sedutoras e muitas vezes leves, esse tipo de produção conquista hoje um público cansado da dureza da realidade, assombrada por crises ambientais, colapsos financeiros e a escalada de governos de teor autoritário.

Mas os fatores que viraram os holofotes para os musicais, no entanto, apareceram muito antes do cenário de crise atual. E também muito antes de Ewan McGregor entoar uma versão de “Your Song” para Nicole Kidman em um luxuoso elefante na Paris de 1899.

Autor de clássicos da Broadway como “Pippin” e “Wicked” – ambos sendo adaptados agora para as telonas –, Stephen Schwartz situa as raízes dessa popularidade ainda na década de 1980.

Nós tivemos os videoclipes na MTV, e a ideia de juntar canções aos vídeos se tornou muito popular”, diz ele, sobre a emissora inaugurada em 1981. “Eu acho que o ressurgimento dos musicais está na ideia de visualizar canções.”

E os anos 1990 também entraram no embalo. “As animações da Disney do período, no estilo da Broadway, criaram nova audiência para musicais”, diz o compositor de “Pocahontas”, de 1995, e “O Corcunda de Notre Dame”, de 1996.

Mas enquanto a fala de Schwartz pode ser enviesada, nada tem a ganhar o pesquisador Paulo Roberto Ferreira da Cunha por bajular Mickey Mouse. Autor de “O Cinema Musical Norte-Americano”, lançado pela Annablume, ele corrobora a teoria do americano.

Segundo ele, um tipo particular de musical surgiu nos anos 1980 graças à MTV. “Os personagens não cantavam, mas a música e a dança tinham papel importante na narrativa”, diz Cunha. É o caso de “Flashdance”, de 1983, e “Footloose”, de 1984, marcados pelo escapismo habitual de um gênero que costuma florescer em épocas de desilusão com a política e a economia, como foi aquela década de recessão.

Desilusão, inclusive, é uma palavra que parece valsar frequentemente com os musicais, já que o sentimento fomentou outras retomadas do gênero no passado.

Cunha lembra, como dois eventos responsáveis por impulsionar eras de ouro dos musicais no cinema, a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, e o auge da Guerra Fria, entre as décadas de 1950 e 1960. Foram nesses períodos que nasceram clássicos como “O Picolino” (ou “Top Hat”, de 1935) e “Amor Sublime Amor”, de 1961.

A partir de 1929, a sociedade entra em depressão econômica, então o cinema buscava resgatar uma antiga promessa de progresso. As pessoas estavam sem dinheiro e não queriam ver desgraça, queriam ser lembradas dessa possibilidade de progresso”, afirma.

E ver Fred Astaire e Ginger Rogers dançando elegantérrimos, com flor na lapela e gravata borboleta, sem dúvida transportava o público para anos mais alegres. “Paraíso, eu estou no paraíso/ E meu coração bate tanto que mal posso falar/ E eu pareço encontrar a felicidade que procuro/ Quando estamos dançando juntos, bochecha com bochecha”, entoa Astaire em “O Picolino”.

Mais tarde, nas décadas de 1950 e 1960, a tensão da Guerra Fria despertava interesse cada vez maior por musicais, e Hollywood fazia frente à crescente concorrência da TV concentrando dinheiro no gênero. “O musical sempre foi uma produção cara, mas se você tem pouco dinheiro, você aposta em algo que faz sucesso.”

O clima tristonho da época foi quebrado pela leveza de títulos como “Sinfonia de Paris”, de 1951, e “Cantando na Chuva”, de 1952, ambos com Gene Kelly. Depois, em 1965, “A Noviça Rebelde” salvou os cofres da Twentieth Century Fox.

Mas na virada para o século 21, surgiu uma fase diferente do cinema musical, de homenagens e nostalgia, puxada pelo pot-pourri extravagante de “Moulin Rouge”.

Começou um ciclo grande de homenagens e de resgate de um padrão Broadway. ‘Dreamgirls’ [2006] homenageava as Supremes; ‘Across the Universe’ [2007], os Beatles; ‘Mamma Mia!’ [2008], o Abba”, exemplifica Cunha. “‘Nine’ [2009] resgata o cinema italiano; ‘Rock of Ages’ [2012], os anos 1980; e ‘La La Land’ [2016] resgata os próprios grandes musicais.”

E basta olhar para o brilho no uniforme de beisebol usado por Taron Egerton em “Rocketman”, deste ano, para notar que a tendência segue em alta.

Em breve chegará aos cinemas “Judy”, musical sobre Judy Garland que tem gerado expectativas para o Oscar, e uma cinebiografia de Elvis Presley comandada por ninguém menos que Baz Luhrmann, um dos responsáveis por orquestrar essa nova era de ouro.

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