Sexta-feira, 02 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 16 de dezembro de 2017
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Meu notebook estragou. O botão de ligar não obedece. Liguei para a DELL, porque foi a marca que comprei. Fui atendido pelo primeiro “colaborador”, que sugeriu testes e disse que me passaria o protocolo por e-mail. Claro: tudo por e-mail, então. Tanto é que ele desligou. Simples assim.
Recebi o e-mail com o protocolo 958243244. Tentei ligar usando esse protocolo. Mas, é claro, não poderia falar com Bruno. Caiu com outro atendente. Tive que repetir os dados do computador, nome, etc. Expliquei tudo. Passaram para outro setor, porque eu havia passado o protocolo. Claro que o terceiro não sabia do que se tratava e repeti tudo. Estava com o computador estragado. Precisava da visita do técnico.
Ah, a visita. Tu não tens direito (veja a intimidade). Podes levar na loja na Farrapos. Perguntei como lá isso funcionaria. Disse esse atendente que entraria em uma fila. Mas só poderia levar lá depois que eles autorizassem…por e-mail. Uau. E caiu a linha.
Liguei de novo. Tive que passar de novo todos os dados do aparelho. E o protocolo. Pedi que, por favor, me atendessem e que eu queria, então, comprar uma visita. Ah, então é isso? Vou estar passando (sic) para o setor de vendas de serviços.
Claro. Tive que explicar tudo de novo. Uma moça, então, disse que eu poderia ter uma visita, mas paga. Custaria 510 reais. Sim, isso. Mas que, para tanto, teria que pagar e esperar que entrasse no sistema e então alguém (provavelmente terceirizado) receberia a autorização para vir à minha casa. Disse a ela que queria, mesmo pagando quinhentão. Mas que teria que ser mais breve. Impossível. Tem de seguir o “protocolo” da empresa. Provavelmente em 10 dias o cara viria.
Disse que não me servia, por causa do prazo. Já aproveitei e disse para a Samanta que então levaria à loja da Farrapos. Ela disse: mas não é tão simples. Primeiro, tenho que pegar todos os seus dados e passar, por e-mail, uma autorização para levar o aparelho a tal loja na Farrapos.
Mas, para isso, Samanta disse que passaria para outro setor, que faria isso. Fantástico. Mas, quando passaram, caiu a linha. E não ligaram de volta. Embora tivessem o meu número. Resultado: fiquei sem nada. Nem Farrapos, nem visita. E é impossível falar com a DELL, porque tem de começar tudo de novo. É Sisifo: rola a pedra ao alto da montanha e quando chega lá, a pedra volta e tudo começa de novo.
Claro que não compro mais nada da DELL. Fui ao shopping comprar um notebook novo, de outra marca. Um LG. Bem mais leve. Que provavelmente fará o mesmo comigo, na primeira vez que estragar. Como a Samsung já fez. Consumidor no Brasil é nitrato de pó de estrume. Ninguém dá bola.
Aliás, a DELL, para evitar reclamações, fez uma coisa simples: não ter ouvidoria e nem setor para reclamações. Beleza. Como na novilingua de 1984, de Orwell: troque o nome das coisas e elas passarão a ser outra coisa. O índice de reclamações é zero. Claro: não tem para quem reclamar.
Fico pensando: quem será o coaching ou o CEO da DELL? Mas não é um fato isolado. O 0800 destruiu a relação cliente-empresa. O Banco Santander inferniza o cliente. Os cartões de crédito atendem mal. Experimente ligar para o 0800 do Queijo de Minas, para reclamar do ´péssimo café com leite nos aeroportos… Ou ligue para a ANAC. Ou para a SKY. Ou para a NET. Ou para a SKYNET. Até a oficina de conserto de fogão já tem 0800.
Quer se irritar? Tente buscar seus direitos. Ou tente comprar. Incrível: até para vender um produto a DELL complica e inferniza o usuário.
PS : ao término da coluna, recebi e-mail de Luana (a sétima pessoa a entrar na parada): pedindo meus dados (pela quinta vez) para que ela possa me fornecer protocolo para-que-eu-possa-ir-na-DELL-da-Farrapos. Bingo!!! Viva a eficiência pós-moderna dos coachings e CEO’s das grandes empresas”. Até as 17 h o tal protocolo não chegou. Deve ser difícil. Quem será que treina essa gente¿
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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