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Comportamento Ter um namorado virou motivo de vergonha? O que isso diz sobre as mulheres de hoje

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Hoje em dia, as mulheres estão mais focadas em construir carreiras. (Foto: Reprodução)

“É vergonhoso ter um namorado agora?”, pergunta um artigo de opinião da Vogue britânica que viralizou nas redes sociais neste mês. O texto fala sobre como ter namorado já foi visto como um símbolo de status e afirma que hoje as mulheres estão focadas em construir carreiras.

Para as mulheres atuais, argumenta o artigo da jornalista Chanté Joseph, um relacionamento deve agregar, e não se tornar o foco principal da vida. Além disso, há quem prefira manter a relação fora das redes sociais, para evitar a exposição ou até fugir de perguntas de curiosos caso o namoro acabe.

“O fenômeno, porém, vai além de uma simples declaração de independência”, explica a psicanalista Carol Tilkian. O que se observa não é necessariamente que as mulheres não precisam mais de um homem, mas que estão questionando os modelos de relação.

A construção do feminino sempre esteve atrelada a um valor masculino. Por séculos, o corpo da mulher foi restringido à capacidade de gerar e cuidar, o que limitou sua autonomia. Para Simone de Beauvoir, as mulheres são o famoso “segundo sexo” justamente porque são definidas como o “outro” em relação à norma, que seria o sexo masculino. Silvia Federici, por sua vez, mostra como o corpo feminino foi transformado em “máquina de produzir trabalhadores” no capitalismo.

Tilkian discorre que, culturalmente, as mulheres foram ensinadas que sua jornada de heroína era achar o marido. Este ideal muitas vezes resultava em relações tóxicas ou com pouco cuidado. Agora, entende-se que é possível ter outros amores e outras felicidades além do par romântico.

A engenheira florestal Ana Almeida, 27, evitava publicar imagens do seu namorado. “Eu achava que não ia durar, então não queria ficar fazendo declarações”. Há três anos juntos, as demonstrações de afeto em redes sociais são raríssimas. “Dia dos Namorados eu proibi ele de postar qualquer coisa, acho extremamente brega”, completa, rindo.

Esse movimento de manter a vida afetiva no privado também é impulsionado por um medo contemporâneo: o de ter que prestar contas à rede social em caso de fracasso. Tilkian aponta o receio em “tornar a relação pública e depois ter que tornar público também o fim”.

Ana confessa que não vê com bons olhos mulheres que expõem suas relações na internet. “Sinto muita vergonha alheia de meninas que transformam o conteúdo delas em basicamente ‘como meu namorado é perfeito’. Isso é mentira, não existe em um relacionamento real”, diz.

Há uma mercantilização do amor e uma busca no outro como potencializador da própria imagem. “Não postar o namorado pode ser um sinal de que se está julgando o outro como digno ou não digno de construir essa minha imagem perfeita”, afirma.

Anna Sophia Vieira, 21, estudante de psicologia, ficou meses sem publicar fotos com o namorado uma vez sequer. Ela diz que tinha um relacionamento instável, que nunca sabia qual seria o próximo passo. Além disso, não queria mostrar a todos com quem estava se envolvendo.

“Ele não tinha uma fama muito boa, então eu achava que, se eu postasse, estaria me prejudicando junto. Eu acreditava, e ainda acredito, que nosso parceiro revela muito de como a gente se vê também”, diz.

Esse comportamento também reflete uma geração que constrói identidades a partir das redes sociais. Luís Mauro de Sá Martino, comunicólogo e doutor em ciências sociais, diz que vivemos em uma sociedade visual, em que postar é comprometer-se e estar à mercê de julgamentos.

“As redes são, ao mesmo tempo, palco e tribunal. Assim que você posta alguma coisa, está exibindo um pedaço da sua vida e se expondo imediatamente a um julgamento invisível, mas presente”, diz o professor. A interpretação desse julgamento varia conforme o grupo: para alguns, postar um relacionamento é sinal de conquista; para outros, pode ser visto como um ato de submissão.

De um jeito ou de outro, segundo ele, os usuários se comportam de forma parecida. Quando aparecem com outros, são contaminados pela imagem da outra pessoa. “Se eu posto uma foto com meu namorado e a imagem dele for ruim, a minha também vai ser. Quando você posta uma imagem com alguém, você se posiciona também em relação àquela pessoa.”

Luís Mauro conclui que parceiros precisam de um novo olhar: “Se as mulheres têm vergonha de postar foto com a gente, será que não é hora de tentar entender por quê? Que tipo de homem elas têm vergonha de postar?”. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

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