Sábado, 15 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de novembro de 2015
O último acordo de colaboração homologado pela Justiça Federal na semana passada, do operador João Antônio Bernardis, pode marcar uma nova fase das delações na Operação Lava-Jato: a de pequenos acordos sobre assuntos específicos. Bernardis revelou apenas como o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque recebeu propina de duas empresas estrangeiras.
A avaliação de investigadores da Lava-Jato é que dificilmente haverá um novo delator que revele uma quantidade grande de fatos, como o doleiro Alberto Youssef, o ex-gerente de Serviços Pedro Barusco ou o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC. Esta é ainda a avaliação de vários dos advogados envolvidos em negociações, como Marlus Arns, responsável pela delação do ex-vice-presidente da Camargo Corrêa Eduardo Leite. “O que estamos vendo e veremos a partir de agora são pequenos acordos, relativos a temas específicos da investigação”, disse Arns.
A quantidade de provas e documentos acumulados pela força-tarefa da Lava-Jato dificulta o surgimento de um novo fato inédito. O próprio Duque tentou por três meses um acordo, sem sucesso. Já o criminalista Técio Lins e Silva, que defende a Odebrecht, disse que o número de acordos assinados na operação é uma aberração.
Para Arns, há, sim, um grande número de colaboradores, porque a investigação envolve um grande número de temas, mas não há sobreposição de assuntos.
Apesar do grande número de delatores, a Lava-Jato avançou pouco até agora sobre o funcionamento da corrupção em outros órgãos do governo. Em outubro de 2014, Paulo Roberto Costa afirmou à Justiça que o esquema na Petrobras, de loteamento de cargos por partidos políticos, ocorria também em outras áreas do governo. Em dezembro passado, o juiz Sérgio Moro ressaltou ser perturbadora uma tabela apreendida com Youssef, onde apareciam 750 obras de vários órgãos públicos. O documento o levou a falar em indícios de que o esquema de fraudes vai “muito além da Petrobras”.
Por enquanto, só há confirmações de investigações abertas sobre as obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e o caso Angra III. O entendimento do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, tem sido o de desmembrar investigações não relacionadas à Petrobras, retirando do juiz Moro a competência de julgamento. (AG)