Quinta-feira, 06 de novembro de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Geral Tráfico aos Estados Unidos: por onde viaja a droga da América Latina até os americanos

Compartilhe esta notícia:

A droga mais letal presente nos Estados Unidos, o fentanil, é produzida no México e contrabandeada pela fronteira terrestre entre os dois países. (Foto: Reprodução)

“Se as pessoas quiserem deixar de ver as narcolanchas explodirem, elas devem deixar de enviar drogas para os Estados Unidos.” Esta foi a mensagem do secretário de Estado americano e assessor de segurança nacional, Marco Rubio, em 22 de outubro, quando as forças americanas estenderam para o Pacífico suas operações contra embarcações supostamente carregadas de narcóticos.

Os ataques americanos começaram no dia 2 de setembro e foram realizados no mar do Caribe, exceto em três ocasiões (21, 22 e 27/10). Eles já somam 57 mortos.

No primeiro ataque no Pacífico, em 21 de outubro, forças americanas atingiram quatro barcos supostamente carregados de drogas e mataram 14 pessoas, segundo o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth. Ele afirma que uma equipe de busca e resgate do México resgatou um sobrevivente.

Trump e funcionários do seu governo justificam os ataques como uma medida necessária para combater os cartéis, considerados por eles como “organizações terroristas”, com quem afirmam travar um “conflito armado”.

Os ataques foram realizados sem aprovação do Congresso americano. Eles geraram condenação na região, e especialistas em direitos humanos designados pelas Nações Unidas (ONU) questionaram sua legalidade. Eles chegaram a qualificar os ataques como “execuções extrajudiciais”.

Mas o governo americano já adiantou que não pretende mudar sua estratégia. “Os ataques continuarão, dia após dia, pois eles não são simplesmente narcotraficantes. São narcoterroristas que trazem a morte e a destruição para nossas cidades”, declarou Hegseth, após um dos bombardeios mais recentes. Ele não ofereceu evidências nem detalhes a respeito.

Analistas afirmam que a droga mais letal presente nos Estados Unidos — o fentanil, um potente opioide sintético — é produzida no México e contrabandeada pela fronteira terrestre entre os dois países. Por isso, muitos se questionam sobre qual seria o real objetivo das operações dos Estados Unidos em alto-mar.

Além disso, o número de apreensões de cocaína no Caribe, onde os EUA reforçaram sua presença militar e produziram a maior parte dos ataques a lanchas rápidas, representam um percentual relativamente pequeno do total da droga apreendida.

Cada vez mais pessoas indicam que a intenção dos Estados Unidos seria forçar uma mudança de governo na Venezuela.

Há tempos, Trump tenta aumentar a pressão contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Os Estados Unidos e outros países não o reconhecem como líder legítimo do país sul-americano, após as questionadas eleições presidenciais de julho de 2024.

Funcionários do governo americano alegaram que Maduro faria parte de uma organização chamada Cartel de los Soles. Segundo eles, esta organização inclui altos oficiais militares e de segurança venezuelanos, envolvidos com o narcotráfico.

Maduro rejeitou as acusações, afirmando que Washington pretende derrubá-lo.

De qualquer forma, de quais países da América Latina e por quais rotas chegam as drogas aos Estados Unidos?

– Cocaína da América do Sul: Os especialistas afirmam que os itinerários e as modalidades de transporte dependem de cada narcótico.

As diversas substâncias variam desde o fentanil, as metanfetaminas e a maconha, passando pela heroína, até a cocaína. Elas se originam em diversos países e seguem rotas diferentes.

Mas a maioria acaba ingressando nos Estados Unidos através da sua fronteira com o México.

Em relação ao tráfico de drogas provenientes da América do Sul para o mercado americano, é particularmente preocupante a cocaína, destacou à BBC News Mundo (o serviço em espanhol da BBC) o pesquisador Antoine Vella, do Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (UNODC, na sigla em inglês).

Mas ele destaca que, além da cocaína, existem outras substâncias que não podem ser totalmente excluídas. Vella também trabalha como diretor da Seção de Dados, Análises e Estatística do UNODC.

Quase toda a cocaína consumida não só nos Estados Unidos, mas também no resto do mundo, é produzida em três países andinos, onde é cultivada a folha de coca: Colômbia, Peru e Bolívia.

Das nações produtoras, a droga pode cruzar primeiramente os países limítrofes, como o Equador ou a Venezuela, e depois ser transportada por algum tipo de embarcação (como lanchas rápidas, botes pesqueiros ou semissubmersíveis) para o litoral da América Central ou diretamente para o México, seja pelo Pacífico ou pelo Caribe. De lá, ela segue por terra em direção ao norte.

Os dados mais recentes disponíveis da Administração para o Controle de Drogas dos Estados Unidos (DEA, na sigla em inglês) são de 2019. Eles indicam que menos de 1% da cocaína destinada aos EUA foi contrabandeada diretamente.

O banco de dados do governo americano inclui as apreensões e o contrabando detectado.

Estimativas da DEA indicam que a grande maioria da cocaína dirigida aos Estados Unidos passa pelo Pacífico.

Por ali, transitaram cerca de 74% dos embarques dirigidos aos EUA em 2019. E apenas 16% seguiram pelo Caribe ocidental, onde foi registrada a maior parte dos ataques americanos às supostas narcolanchas, segundo a Avaliação Nacional das Ameaças de Droga 2020.

– Fentanil, do México: Os especialistas concordam que o fentanil (relacionado a uma “epidemia de overdose” nos Estados Unidos) não viaja por nenhuma dessas rotas da cocaína.

Este tipo de morte diminuiu em 27% entre 2023 e 2024, atingindo o menor nível em cinco anos. E a queda foi de 37% nos casos relacionados especificamente ao consumo do opioide sintético. Mas o fentanil continua sendo o principal causador deste tipo de morte.

Em 2024, o fentanil levou 48,4 mil pessoas à morte por overdose nos EUA. Este número representa cerca de 60% do total, segundo dados recentes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês).

“Não temos evidência de que a cadeia de fornecimento do fentanil ilícito envolva significativamente a América do Sul”, segundo Vella. As informações são da BBC News.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Geral

Narcoterrorismo x facção criminosa: por que o Estado do Rio de Janeiro e o governo federal usam termos diferentes? Entenda
Bandidos de outros Estados protegem bases do tráfico em troca de abrigo no Rio
https://www.osul.com.br/trafico-aos-estados-unidos-por-onde-viaja-a-droga-da-america-latina-ate-os-americanos/ Tráfico aos Estados Unidos: por onde viaja a droga da América Latina até os americanos 2025-11-02
Deixe seu comentário
Pode te interessar