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Política Transformado em um partido rico, o PSL ficou pequeno demais para Bivar e Bolsonaro

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Luciano Bivar disse que busca "pacto" entre os partidos para despolarizar as eleições. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Um postulante à Presidência da República que se vende como “anticandidato”. Defende a pena de morte, um imposto único sobre movimentações financeiras e uma autoestrada no estilo europeu ligando o Brasil de Norte a Sul. Apesar do patrimônio de R$ 8,8 milhões, arrecadou só R$ 214 mil em doações e terminou em último lugar, com 62 mil votos. Essa foi a campanha presidencial de Luciano Bivar, dirigente do PSL, em 2006. As informações são do jornal O Globo.

Doze anos mais tarde, ele encontrou em Jair Bolsonaro, fenômeno da direita nas redes sociais, uma chance para alavancar o partido que fundou em 1998. Fechou um acordo para que o então homem de confiança de Bolsonaro, Gustavo Bebianno, controlasse as contas da sigla por um ano. Depois, Bivar retomaria o PSL e desfrutaria das benesses do bolsonarismo. O resultado superou qualquer expectativa: a bancada eleita de 53 deputados proporcionou um fundo partidário de R$ 8 milhões por mês.

Transformado em um partido rico, o PSL ficou pequeno para Bivar e Bolsonaro. Disposto a assumir o controle dos recursos da legenda, o presidente da República tentou reduzir os poderes de Bivar com o auxílio de dois advogados próximos a ele. A expectativa era que o dirigente deixasse o comando do partido. Não tiveram sucesso.

De volta após um tratamento de saúde, Bivar deflagrou na última quinta-feira punições contra os deputados que declararam solidariedade a Bolsonaro.

Ele se viu obrigado (a se posicionar). Ele foi massacrado publicamente pelo presidente da República”, diz Delegado Waldir (GO), líder do PSL na Câmara.

A crise se instalou quando Bolsonaro disse a um apoiador, na porta do Palácio da Alvorada, para esquecer o PSL e que Bivar estava “queimado para caramba”. O deputado federal, eleito por Pernambuco, é investigado pela Procuradoria Regional Eleitoral por suspeitas de caixa dois em sua campanha a deputado em 2018, e também suspeito do uso de uma candidata laranja para desviar verba.

Início no esporte

Filho de Milton de Lyra Bivar, presidente do Sport Clube do Recife, começou a carreira como diretor de tênis do clube — esporte que jogava na adolescência — e depois migrou para o futebol. Era vice-presidente da agremiação em 1987, quando o título do Campeonato Brasileiro terminou em impasse entre o Flamengo e o Sport. Virou presidente do time em 1989 e repetiu o mandato mais três vezes.

Em paralelo, teve sucesso nos negócios nos anos 1980 no ramo de seguros. Também viajou a Cuba e escreveu um livro sobre como o país se afastava da fantasia dos comunistas.

Eu gostaria muito de ser jornalista ou escritor, mas as circunstâncias da vida me empurraram a ser bacharel em Direito”, conta Bivar.

Foi eleito pela primeira vez deputado federal em 1998, mesmo ano em que o Sport terminou o Campeonato Brasileiro no quinto lugar da série A. Em 2006, se aventurou à Presidência da República. O deputado Lincoln Portela (MG), hoje do PL, foi filiado ao PSL no início dos anos 2000, e diz que a intenção de Bivar era manter o partido vivo em meio à discussão sobre cláusula de barreira. A expectativa era de extinção dos nanicos.

Portela lembra que era líder de três deputados do PSL em 2001. Ele descreve Bivar como discreto, conciliador e cordato: “Nunca interferiu na liderança, nunca me exigiu nada.”

Nessa época, Bivar sofreu investigações por lavagem de dinheiro e fraude em licitações, ambas arquivadas. Em 2013, disse que, como dirigente do Sport, pagou uma “comissão” para colocar o volante Leomar na seleção brasileira, declaração explosiva. Segundo ele, nunca disse que subornou, e sim que pagou um lobista.

Apesar das posições políticas expressadas em mais de dez livros — já defendeu a legalização do aborto e da eutanásia, e que o Brasil diminua seus gastos com as Forças Armadas —, Bivar é econômico em seus discursos. Neste ano, não subiu na tribuna uma única vez.

Acho que aborto quem tem que definir é a mulher. Droga não, acho que não pode ser liberada. O que não pode é criminalizar o consumidor.”

Foi operando nos bastidores que conseguiu apoio da maioria da sua nova bancada na Câmara. Entregou diretórios estaduais e prometeu candidaturas a prefeituras em 2020 para diversos deputados, contrariando o clã Bolsonaro.

Sobre a lavagem de roupa suja recente, se diz constrangido porque já teve muitos problemas “pela maldição do dinheiro”. “Eu nunca imaginei que chegasse no partido essa maldição.”

No início do ano, quando foi eleito segundo vice-presidente da Mesa Diretora da Câmara, Bivar mostrou que guarda hábitos do tempo de cartola. Pediu para instalar uma sala pequena para conversar com políticos. Com um sorriso no rosto, explicou que, no Sport, o ambiente mais frequentado por dirigentes era o banheiro. E de lá saíam as decisões mais importantes.

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