Quarta-feira, 15 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de novembro de 2018
O governo francês confirmou que 409 pessoas ficaram feridas e 282 foram detidas na tensa jornada de protestos que ocorre desde sábado (17) em vários pontos do país. O movimento conhecido como “coletes amarelos” se manifesta contra os novos impostos aos combustíveis.
“Esta noite foi agitada. Houve agressões, brigas, facadas”, lamentou o ministro do Interior, Christophe Castaner. Mais de duas mil manifestações com 124 mil participantes aconteceram simultaneamente em diferentes cidades da França. Na manhã de domingo (18), ainda havia vários pontos de manifestações em rotatórias, pedágios e estradas de todo o país.
Ainda no sábado, o governo já havia confirmado a morte de uma mulher durante os protestos. Ela tinha cerca de 60 anos e foi atropelada em Le Pont-de-Beauvoisin, região sudeste do país. Dos mais de 400 feridos, pelo menos 28 são policiais.
Protestos
Conhecido como “coletes amarelos”, em alusão à peça fluorescente usada pelos manifestantes, o movimento à frente das manifestações – crítico às altas cargas tributárias e alheio aos partidos e sindicatos – representa uma nova “pedra no sapato” para o presidente Emmanuel Macron, que recentemente decidiu aumentar os impostos dos combustíveis para promover a transição energética.
“Nós não vamos anular o imposto sobre as emissões de carbono, não vamos mudar de curso, não vamos desistir de fazer frente ao desafio” da mudança climática, disse o primeiro-ministro durante a semana.
Renúncia
Durante os protestos, os coletes amarelos pediram, inclusive, a renúncia de Macron, acusado de se preocupar “somente com a elite” e de deixar a classe média largada. Eles protestaram, em um primeiro momento, contra a alta tributária, embora a manifestação rapidamente tenha se estendido à falta de poder aquisitivo em geral.
Segundo a polícia, nesta segunda-feira (19) já eram registradas 110 ações em todo o país, abaixo das contabilizadas no sábado e no domingo. “A mobilização não é tão grande quanto a de sábado”, assinalou ao canal CNews Laurent Nuñez, secretário de Estado do ministério do Interior
No sábado, cerca 290.000 pessoas se manifestaram contra a alta dos preços do combustível e a queda do poder aquisitivo bloqueando estradas, postos de gasolina e postos de pedágio em todo o país. No domingo, segundo estimativas da polícia, foram 46.000 pessoas que saíram às ruas em protesto na França.
O movimento dos “coletes amarelos” tem o apoio de 73% dos franceses, segundo o instituto de opinião Elabe.
“É preciso desintoxicar a França do petróleo”
O porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, disse nesta segunda-feira ao canal BFM TV que “ouviu o sofrimento sincero de milhares de franceses cansados das dificuldades, que se acumulam”, declarou. Ao mesmo tempo, disse que o aumento dos impostos sobre o diesel e a gasolina são a “boa decisão.” Segundo ele, “é preciso desintoxicar a França do petróleo.”