Quarta-feira, 26 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de setembro de 2017
A tropa de choque do presidente Michel Temer ignora a pressão de parte dos tucanos para que Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), escolhido na quinta-feira (28) relator da denúncia contra o peemedebista na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), deixe o cargo. A ala mais jovem do PSDB, comandada pelo líder do partido na Câmara, Ricardo Tripoli, e com o apoio do presidente da sigla, Tasso Jereissati, considera a escolha de Andrada uma provocação.
“Uma tentativa do governo de criar tumulto no partido, de nos dividir e de provocar realmente essa parte do PSDB que acreditou, eu sei hoje majoritária, que defende a abertura da investigação. Não dá para a gente colocar essa investigação para debaixo do tapete”, disse o deputado Daniel Carvalho (PSDB-PE).
Os governistas, por outro lado, cobram fidelidade dos tucanos, que têm quatro ministros no governo Temer. “O PSDB se dividiu na primeira denúncia. Eu tenho esperança que, nessa segunda, aquela parte que não acompanhou vai nos acompanhar e rejeitar a denúncia. Ainda mais com o Bonifácio de Andrada como relator, que é uma das maiores expressões do PSDB e do Parlamento brasileiro”, afirmou o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), vice-líder do governo.
Sob apelos até de Temer, o deputado Bonifácio de Andrada disse que ficará no cargo. Ele, que desqualificou a delação premiada dos ex-executivos da J&F e votou a favor de Temer na primeira denúncia, promete fazer um relatório técnico. “Técnico dentro do direito constitucional, sobretudo, direito administrativo e tem que levar em conta também o direito penal. É um procedimento que há de obedecer às leis e aos princípios magnos do direito em relação a um assunto dessa natureza quando se trata de um processo contra o presidente da República”, disse o relator.
O deputado Rubens Bueno (PPS-PR), da oposição, afirmou que a escolha atende a um arranjo do PMDB de Temer com o PSDB de Minas, comandado pelo senador Aécio Neves. “Não foi uma boa decisão até porque envolve, como eu disse, o presidente da comissão é de Minas Gerais, o relator é de Minas Gerais, do PMDB e do PSDB. E quem é que está patrocinando? O Palácio do Planalto”, declarou.
Na sexta-feira (29), Temer voou cedo para longe dos burburinhos de Brasília, mas a segunda denúncia continuou ocupando a maior parte da agenda dele. O presidente chegou a Congonhas (SP) e foi para encontros com conselheiros políticos e jurídicos, entre eles o advogado Eduardo Carnelós. A tarde foi toda de entra e sai na casa do presidente. O ex-advogado de Temer Antonio Mariz de Oliveira, que continua auxiliando o presidente, também foi até lá. No início da noite, Temer foi ao Hospital Sírio-Libanês fazer exames de rotina que já estavam marcados.