Quinta-feira, 31 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 24 de julho de 2025
O governo Trump anunciou seu plano de ação para inteligência artificial (IA), um pacote de iniciativas e recomendações de políticas que tem como objetivo consolidar os Estados Unidos como líder global na tecnologia. Entre as medidas está desenvolver uma IA “livre de viés ideológico” e a remoção de conteúdos ligados a diversidade e mudanças climáticas na construção de novos modelos.
O plano é baseado em três pilares: acelerar a inovação, desenvolver a infraestrutura de IA nos Estados Unidos e tornar o hardware e o software americanos a plataforma “padrão” para inovações em IA ao redor do mundo.
O pacote também reduz a regulamentação sobre a IA, alinhando-se com os desejos das empresas do Vale do Silício. No documento, de 28 páginas, publicado no site da Casa Branca, o governo fala em “remover a burocracia excessiva” que cerca a tecnologia.
O plano prevê ainda o fomento ao que Trump chama de “discurso livre”. Por exemplo, os modelos de linguagem de grande escala adquiridos pelo governo federal deverão ser “objetivos e livres de viés ideológico”, impedindo assim que empresas cujos produtos não forneçam “verdade objetiva” façam negócios com o governo dos Estados Unidos.
Em entrevista ao jornal britânico Financiam Times, Michel Kratsios, chefe de política tecnológica da Casa Branca, o governo “só contratará desenvolvedores de modelos de linguagem de grande escala (LLMs) que garantam que seus sistemas permitam a liberdade de expressão e a livre escolha”.
Um alto funcionário do governo ouvido pelo jornal disse que a Administração de Serviços Gerais (General Service Administration), que supervisiona as compras do governo, elaborará as regras e será a responsável por decidir se um modelo infringe essas normas.
A agência governamental deverá revisar as diretrizes para o desenvolvimento da IA, removendo menções a diversidade, equidade e inclusão; mudanças climáticas; e desinformação.
O relatório também afirmou que o governo deve priorizar a exportação de ferramentas de IA americanas. Ele recomendou que agências federais ajudem a indústria a vender pacotes de produtos de IA no exterior e trabalhem para conter a influência da China sobre essa tecnologia.
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“Acreditamos que estamos em uma corrida pela IA”, disse David Sacks, responsável pela área de IA e criptoativos da Casa Branca, por telefone. “E queremos que os Estados Unidos vençam essa corrida.”
Em janeiro, o presidente assinou uma ordem executiva incentivando que modelos fossem desenvolvidos sem “viés ideológico ou agendas sociais artificiais”. O FT acrescenta que o vice-presidente JD Vance também expressou preocupação com a “censura autoritária” nas respostas de IA.
O FT lembra que aliados políticos de Trump há muito acusam modelos de IA como o ChatGPT, da OpenAI, e o Gemini, do Google, de possuírem viés liberal, chegando até a alegar que algumas empresas estariam deliberadamente treinando suas tecnologias para serem críticas a posições de direita.
O plano de IA também promete cortar o financiamento federal para projetos de inteligência artificial em estados com “regulamentações excessivas sobre IA”.
E exige uma revisão das investigações da Comissão Federal de Comércio iniciadas durante o governo Biden, que podem promover teorias jurídicas que “oneram indevidamente a inovação em IA”, acrescenta o jornal britânico. Durante a presidência de Joe Biden, a agência investigou parcerias de IA como Microsoft e OpenAI, e Amazon e Anthropic.
Erros
De acordo com o The New York Times, as mudanças beneficiariam as gigantes da tecnologia que disputam ferozmente a liderança na produção de produtos de IA generativa e tentam convencer os consumidores a incorporar essas ferramentas em suas rotinas.
No início deste mês, Trump anunciou acordos para o desenvolvimento de infraestrutura e produção de energia no valor de US$ 92 bilhões (cerca de R$ 511 bilhões), visando atender à crescente demanda por inteligência artificial (IA).
Desde o lançamento público do ChatGPT pela OpenAI no final de 2022, empresas de tecnologia vêm correndo para lançar suas próprias versões da tecnologia, capaz de redigir textos com aparência humana e gerar imagens e vídeos realistas.
Empresas como Google, Microsoft, Meta e OpenAI estão disputando acesso a poder computacional, geralmente proveniente de enormes centros de dados repletos de computadores que podem sobrecarregar os recursos das comunidades locais.
E essas empresas estão enfrentando uma concorrência crescente de rivais como a startup chinesa DeepSeek, que causou um grande impacto mundial neste ano ao criar um modelo de IA poderoso com muito menos dinheiro do que muitos achavam ser possível.
A disputa por recursos no Vale do Silício ocorre paralelamente a um debate igualmente intenso em Washington sobre como lidar com as transformações sociais que a IA pode provocar.