Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 14 de outubro de 2019
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu nesta segunda-feira (14) aplicar sanções contra a Turquia após os recentes ataques de militares turcos a bases curdas no nordeste na Síria. Ele ainda não assinou a medida, que, entre outras ações, aumenta as tarifas para o aço em 50%.
Apesar de Trump só declarar nesta segunda que pretende impor sanções à Turquia, o secretário do Tesouro dos EUA, Steve Mnuchin, anunciou três dias antes que o presidente autorizou a medida. Tais ações podem ser aplicadas a qualquer pessoa associada às autoridades turcas.
Trump repetiu, em comunicado, que pode “destruir a economia da Turquia” caso o governo de Recep Tayyip Erdogan não interrompa as ações no nordeste da Síria.
Statement from President Donald J. Trump Regarding Turkey’s Actions in Northeast Syria pic.twitter.com/ZCQC7nzmME
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 14, 2019
“Estou totalmente preparado para rapidamente destruir a economia da Turquia se líderes turcos continuaram com esse caminho perigoso e destrutivo”, ameaçou Trump, em comunicado.
As sanções também colocariam fim a uma negociação com o governo turco no valor estimado de US$ 100 bilhões – equivalentes a R$ 412 bi.
Além disso, o secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, anunciou nesta segunda que vai pressionar a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para tomar medidas “econômicas e diplomáticas” contra o governo turco. A Turquia faz parte da aliança militar.
Ação turca na Síria
Dezenas de pessoas, inclusive civis, morreram desde o início da ofensiva da Turquia contra posições curdas no norte da Síria. Além disso, estima-se que 130 mil pessoas tiveram de deixar suas casas, segundo a agência Associated Press.
A Turquia iniciou os ataques por considerar militantes curdos aliados de terroristas separatistas que agem no país. Os curdos na Síria, porém, eram apoiados pelos Estados Unidos na luta contra o Estado Islâmico. Com o anúncio da retirada dos militares norte-americanos na região, abriu-se caminho para uma ofensiva turca contra os curdos.
Opositores e mesmo aliados de Trump o criticaram por permitir que a Turquia atacasse o norte da Síria após a retirada dos militares norte-americanos. O presidente, então, tentou se esquivar das acusações no comunicado publicado nesta segunda. “A ofensiva militar da Turquia coloca civis em perigo e ameaça a paz, segurança e estabilidade na região.”
“Fui muito claro com o presidente Erdogan: a ação turca está criando uma crise humanitária e gerando condições para possíveis crimes de guerras”, afirmou.
Cronologia
No dia 7, o presidente dos EUA, Donald Trump, mandou as tropas americanas saírem do norte da Síria, onde está a fronteira com a Turquia. Essa é uma das áreas onde vivem os curdos, um povo de cerca de 35 milhões de pessoas que não tem um Estado e se espalha por partes da Síria, do Irã, do Iraque e da Turquia.
Os curdos querem autonomia, mas enfrentam a resistência dos governos da região. Nos últimos 6 anos, milícias formadas por curdos na Síria foram as principais aliadas dos EUA para derrotar os terroristas do Estado Islâmico. Por outro lado, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, acusa as forças curdas do norte da Síria de terrorismo. Segundo ele, esses grupos estariam por trás de ataques ocorridos na Turquia.
A saída das tropas americanas abriu caminho para Erdogan atacar os curdos, e a ofensiva começou na última quarta (9). O presidente turco alega que quer controlar militarmente aquela região e mandar para lá os milhares de sírios que fugiram para a Turquia por causa da guerra civil em seu país.
Sem a proteção militar dos EUA, cerca de 2 milhões de curdos na Síria ficaram expostos. Dezenas de civis já morreram, e a ONU diz que mais de 130 mil pessoas fugiram de casa desde que os ataques começaram.
A traição de Trump aos curdos foi criticada até mesmo por aliados nos EUA, que temem que a instabilidade provocada por um novo confronto na Síria fortaleça o Estado Islâmico. Outro risco apontado por esses críticos é a possível aproximação dos curdos com os governos da Síria e da Rússia, adversários dos americanos. As informações são do portal G1.