Geral Tudo que não querem que você saiba sobre dietas
Por Redação O Sul | 19 de julho de 2017
É evidente que existem benefícios na dieta: o peso diminui, as juntas doem menos e a humanidade adora. O exame de sangue fica lindo, só perdendo no quesito belezura para o próprio corpo, mais magro. Os elogios chegam, a pessoa dorme melhor sem roncar, sente-se mais audacioso e poderoso. Enfim, não dá para negar que há coisas boas em se fazer um regime alimentar. Mas isso é só um pedaço da história. Há também riscos, alguns deles seríssimos.
Para começo de conversa – e isso é consenso entre médicos – uma dieta causa stress, principalmente quando não acompanhadas por um especialista. Planejar o cardápio, por exemplo, não é uma tarefa que muitos considerem prazerosa. Arroz sete-grãos, quinoa, coisas assim. Não é algo que se encontre facilmente nos serviços de tele-entrega. Na ausência de batata doce, lasanha não substitui.
A privação não é menos irritante. Ser dono de um paladar sensível e curioso mas não poder presenteá-lo alegremente com uma barra de chocolate ou uma pizza quatro-queijos pode deixar qualquer à beira de um ataque de nervos. Dentro dessa linha de raciocínio, dietas levam ao stress, que por sua vez causa gastrite, que por fim conduz ao enfarte.
Outra questão é que dieta deprime. Tanto quanto trabalhar em um lugar que você não gosta, tanto quanto um receber um fora do seu par amoroso. A pessoa toma muita “pancada” na rua e quando chega em casa, não pode ir à forra, de pijama, com um pote de sorvete. A gula é uma das melhores vinganças e, para várias pessoas, nada melhor que a comida – de preferência, calórica – para dar vazão a esse aspecto da vida. Dieta entristece, deixa deprimido e se sentir assim não é legal. Seja qual for a altura ou peso.
Dieta também afasta os amigos, argumentam indivíduos sob dieta, que já passaram por ela ou que estão prestes a encará-la. Afinal, qual a primeira coisa que uma pessoa sozinha faz, quando está precisando de um carinho? Abre uma caixa de chocolate, raspa um prato de massa de brigadeiro, devora um bolo com cobertura. Sem esta saída para a carência, o que se tem? Alguém choroso, ligando para os mais próximos, mendigando atenção.
Fica pior ainda quando se considera quais os programas que se pode fazer com um “dietante”. Será uma companhia carente, sóbria, provavelmente triste e que constrange quem não está em regime. Quem aguenta gente assim? Poucos, talvez. Dietas, portanto, são potencialmente causadores de solidão.
E tem mais: dieta leva ao consumismo, também. Quando a pessoa emagrece, perde um monte de roupa e, empolgada com os resultados, sai comprando calça nova, camisa, vestido. Como na maioria das vezes engorda-se tudo de volta, no fim da gangorra se constata um desperdício de dinheiro e tecido que é incompatível com os preceitos de uma vida sustentável. Se todo mundo que emagrecer e engordar comprar roupa, o que acontecerá com os recursos naturais, a ovelha que faz o algodão, o pequeno inseto que faz a seda? Os regimes alimentares vão destruir o planeta.
Por fim, a dieta provoca elogios. É o grande truque do “demônio da folha alface”: ele mexe com a vaidade da pessoa, cutuca o ego. O primeiro “Nossa, como você emagreceu!” provoca um amortecimento do senso crítico, uma empolgação interna que faz a pessoa se sentir poderosa. E aí aparece a vaidade, algo que se tornou tão feio que virou uma espécie de pecado capital – e dos mais graves. Quem faz dieta vai pro inferno. Aliás, já se sente lá, em cada porção de tofu que for obrigado a comer. (O Estado de S. Paulo)
