Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de maio de 2022
Suécia e Finlândia confirmaram que vão pedir para integrar a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) após a Rússia invadir a Ucrânia. Para isso se concretizar, todos os 30 membros da organização devem aprovar a entrada.
No entanto, um dos países integrantes disse que vai vetar a filiação de suecos e finlandeses: a Turquia. O presidente Recep Tayyip Erdogan declarou que não concorda em admitir países que aplicam sanções à Turquia.
A Suécia interrompeu a venda de armas aos turcos três anos atrás, após o envolvimento militar de Ancara na guerra da Síria.
E, segundo a agência oficial de notícias turca, tanto suecos quantos finlandeses rejeitam repetidas solicitações de extradição de militantes curdos – que o governo turco qualifica como terroristas.
Os dois países nórdicos disseram que vão mandar delegações diplomáticas para discutir a questão com a Turquia, mas Erdogan afirmou que eles nem precisam se incomodar em fazer a viagem.
Lideranças da Suécia e da Finlândia apresentarão, nesta quarta-feira, suas candidaturas formais a uma cadeira na Otan, em um dos principais impactos políticos da invasão russa da Ucrânia. A decisão, que muda uma postura histórica das duas nações sobre suas neutralidades militares, já possui o apoio de praticamente todas as nações da aliança, mas a objeção da Turquia pode atrasar ou mesmo, em último caso, inviabilizar o processo.
No caso finlandês, a oficialização veio após uma já esperada vitória do governo no Parlamento, que passou a medida por 188 votos a favor, oito contra e nenhuma abstenção.
“É um resultado excepcional, não esperava que fosse tão claro. A votação é clara, não há mais discussões, hoje à noite [terça-feira] vamos assinar nossa carta de candidatura à Otan”, disse o ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Pekka Haavisto.
A decisão ocorreu um dia depois de o Parlamento sueco também dar sinal verde à adesão, cujo formulário foi assinado nesta terça-feira pela chanceler Ann Linde, em cerimônia em Estocolmo. A expectativa é de que os dois governos apresentem suas candidaturas nesta quarta-feira, em Bruxelas, onde fica a sede da Otan.
“Estou feliz que tenhamos tomado o mesmo caminho e que possamos fazê-lo juntos”, disse a repórteres o presidente finlandês, Sauli Niinsto, em entrevista coletiva ao lado da premier sueca, Magdalena Andersson. “Se há um avanço rápido aqui, isso ajuda a todo o processo e seus respectivos prazos. Isso é muito importante nesse contexto.”
Na quinta-feira, líderes finlandeses e suecos se encontrarão com o presidente dos EUA, Joe Biden, em Washington, para discutir o processo de adesão.
Contudo, os dois países ainda enfrentam a oposição da Turquia, que os acusa de abrigarem integrantes de organizações consideradas terroristas por Ancara, como o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e apoiadores de Muhammed Fethullah Gülen, líder do chamado Movimento Gulenista e apontado pelos turcos como responsável pela tentativa de golpe de 2016.
Na entrevista coletiva, a premier sueca afirmou que pretende resolver qualquer problema que impeça o apoio de Ancara às candidaturas: no caso específico da Suécia, os turcos reclamam de um embargo imposto por Estocolmo à venda de determinados itens de defesa, uma medida relacionada à ofensiva militar do país no Norte da Síria, em 2019.
“Estamos buscando contato com a Turquia e preparados para viajar à Turquia para discutir e acertar questões em aberto que possam existir”, afirmou. As informações são da BBC News, do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.